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Transporte de Cargas por meio aéreo no Brasil


 

Artigo por Arthur Drummond e Luís Otávio Modolo

É de amplo conhecimento que o transporte de cargas por meio aéreo no Brasil representa um percentual consideravelmente inferior aos demais modais. Em pesquisa realizado pelo ILOS em 2022, foi observado que este meio representa apenas 0,05% do total de TKUs movimentados, ao passo que o transporte rodoviário corresponde a mais de 60%.

A baixa representatividade deste modal na matriz de transportes é decorrente de suas características principais. Em geral, sua utilização está direcionada a ocasiões e produtos específicos, sobretudo pelo alto custo e limitação de capacidade. Por outro lado, a velocidade de entrega, a possibilidade de servir regiões mais remotas, tal como Manaus, e a segurança apresentada por este meio de transporte são fatores que favorecem seu uso.

Ao abordar a conveniência deste tipo de frete, destacam-se duas ocasiões principais. A primeira delas é quando se trata de um produto de alto valor agregado, como joias e componentes eletrônicos, onde o frete representa um percentual menos significativo no valor do produto e a segurança é fundamental. Outra circunstância é quando se tem uma urgência de recebimento, demandando a realização de um frete mais rápido, como ocorreu com as vacinas durante a pandemia de Covid-19. Além dos produtos já comentados, componentes da indústria têxtil, medicamentos, peças de automóveis e produtos perecíveis são outros que apresentam destaque de utilização no Brasil.

Panorama da movimentação de carga aérea no Brasil

De acordo com dados da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), em 2022 o Brasil obteve seu recorde histórico de volume movimentado de cargas pelo modal aéreo, atingindo o valor de 1.421 milhões de toneladas, sendo que aproximadamente 70% deste volume é composto por cargas pagas internacionais. As cargas internacionais são as principais responsáveis pelo número recorde, que representa um crescimento de 12% em relação há 2012.

Figura 1: Série histórica do volume transportado de cargas pelo modal aéreo no Brasil, de 2012 a 2022.
Fonte: ANAC. Análises ILOS.

O ano de 2023, por sua vez, iniciou em baixa, entre janeiro e fevereiro foram transportados 205 milhões de toneladas. Em 2022, esse número já era de 219 milhões, o que representa uma redução de 6,2%. O principal responsável pela queda é o transporte de carga paga internacional, que apresentou uma redução de 9,2%, enquanto a carga paga doméstica (nacional) e o correio apresentaram um aumento de 0,7% e 4,3%, respectivamente.

Figura 2: Evolutivo do volume transportado pelo setor aéreo brasileiro entre janeiro e fevereiro de 2022 e 2023 por tipo de carga.
Fonte: ANAC. Análises ILOS.

Dentre as maiores rotas do transporte doméstico de cargas via modal aéreo no Brasil, as quatro principais envolvem o aeroporto de Manaus (SBEG) e aeroportos do estado de São Paulo – Guarulhos (SBGR) e Campinas (SBKP). O elevado fluxo aéreo entre estas duas regiões acontece pelo fato de Manaus ser uma região remota, com pouca estrutura rodoviária, porém que fabrica produtos de alto valor agregado por meio da Zona Franca de Manaus. Já o estado de São Paulo é o principal centro econômico do país, logo consome grande parte das tecnologias que são produzidas na Zona Franca. 

Tabela 1: Rotas com maior volume transportado pelo modal aéreo entre março de 2022 e fevereiro de 2023.
Fonte: ANAC. Análises ILOS.

Perspectivas Futuras

O transporte por modal aéreo apresenta grande diferenciação na agilidade de entrega. Aliado a isto, não é novidade que os consumidores buscam fretes cada vez mais rápidos e termos como “Same day Delivery” e “Frete Expresso” são vistos constantemente. Neste sentido, empresas referências no mercado, tanto nacional como internacional, tem buscado uma diferenciação na velocidade do frete, como são os casos da Amazon e do Mercado Livre.

Em publicação do Valor Econômico em março de 2022, foi abordado que o número de voos diários da Amazon Air (companhia aérea de carga da Amazon) cresceu de 85, em 2020, para 187 em 2022, o que representa um aumento de 102% no período de pandemia. No entanto, o número de viagens com entrega exclusiva de produtos da Amazon pode ser ainda maior, dada a existência da terceirização de entregas a partir de parceiros.

Em menores proporções que a multinacional americana, o Mercado Livre divulgou em 2020, segundo reportagem do UOL, a criação de uma companhia aérea (MELI AIR) que contaria com 4 aviões operados por diferentes companhias, visando a agilização das entregas no país. Em outra reportagem, desta vez do InfoMoney em 2022, foi anunciado que a empresa recebeu o primeiro dos 6 aviões de carga, que será utilizado para reduzir os tempos de entrega nas regiões Norte e Nordeste do país. O objetivo inicial é reduzir o tempo de entrega nas capitais para apenas 1 dia, algo muito representativo ao observar o evolutivo desse tempo nas regiões ao longo dos anos.

Figura 3: Evolução do Tempo de Entrega do Mercado Livre nas Regiões Norte e Nordeste entre 2017 e 2022
Fonte: Mercado Livre e InfoMoney

Além das empresas de comércio eletrônico, a constatação de crescimento de uso deste modal pode ser observado através de divulgações de companhias aéreas tradicionais, como é o caso da LATAM. Em notícia divulgada em dezembro de 2022, um dos pontos abordados pela empresa foi o início da operação cargueira na rota Cidade do México – Recife e o aumento em 100% de capacidade na rota Miami – Florianópolis.

Ademais, dados da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) mostram que a América Latina tem se destacado na demanda por carga aérea. Em levantamento de novembro de 2022, a região foi a única com crescimento em CTKs (toneladas vezes quilômetros voados), ao se comparar com o mesmo mês do ano anterior.

Tabela 2: Comparativo do crescimento global de demanda por carga aérea entre os meses de novembro (2021-2022). Fonte: IATA. Análises: ILOS

Assim, mesmo que o modal aéreo apresente entraves que limitem sua utilização, é inegável que as demandas de clientes pela agilização de entregas, os movimentos realizados por grandes empresas e a crescente demanda nesse segmento demonstram a existência de um desenvolvimento e aquecimento no setor para os próximos anos.

Não deixe de conferir esses e outros indicadores logísticos na página de indicadores logísticos do site do ILOS.

 

Referências:

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