A decisão entre terceirizar ou realizar as próprias operações logísticas é um tema de muita importância para as empresas há bastante tempo, como já vimos por aqui. Cada uma das duas opções apresenta vantagens e desvantagens. Por um lado, operar a logística por conta própria proporciona um controle direto sobre suas operações e um acúmulo de conhecimento interno que permite aprimorar suas operações continuamente. Por outro lado, operar por conta própria necessita investimento e pode reduzir flexibilidade operacional para ampliação ou redução de volumes.
A terceirização, por sua vez, permite que a empresa tenha maior foco no seu core business, podendo alocar suas operações logísticas a empresas especializadas no ramo, trazendo maior facilidade para aumento e redução de volumes operados. Em contrapartida, a empresa abre mão de ter um controle maior sobre suas operações. É um trade-off clássico. A decisão sobre terceirizar ou não depende de muitos fatores, como o setor no qual a empresa atua, o comportamento da demanda, a oferta de prestadores de serviços logísticos, a comparação dos custos das alternativas, entre outros.
No entanto, empresas que consideram a terceirização como uma opção viável para a sua logística não devem apenas decidir entre “terceirizar ou não terceirizar”. Elas também devem se questionar: o que terceirizar? Quais são os escopos de terceirização possíveis a serem feitos? Talvez essa pergunta seja mais importante, pois pode definir o sucesso do processo de terceirização e, consequentemente, o sucesso do negócio da empresa.
O modelo mais tradicional de terceirização logística é aquele em que a empresa contrata prestadores de serviço para operarem total ou parcialmente uma ou mais atividades logísticas. Neste artigo estamos chamando esse formato de Terceirização de Operações Logísticas. Com o advento e a popularização do e-commerce, outras duas formas de terceirização vieram à tona: o Fulfillment e o Full-Commerce, que envolvem não apenas a terceirização de atividades logísticas específicas. Falemos sobre cada uma delas a seguir.
- Terceirização de Operações Logísticas:
As operações logísticas incluem uma gama de atividades como armazenagem, separação e embalagem (picking e packing), distribuição urbana, logística reversa, controle de estoques, crossdocking, entre outras, como mostrado no Gráfico 1. O gráfico apresenta o resultado de uma pesquisa realizada em 2022 pelo ILOS em parceria com a ABOL (Associação Brasileira de Operadores Logísticos) que mostra o percentual de Operadores Logísticos que realiza cada uma das atividades logísticas citadas. Como pode-se perceber, a lista de atividades logísticas é extensa.
Figura 1 – Percentual de Operadores Logísticos que realiza cada uma das atividades logísticas
Fonte: ILOS e ABOL – 2022
A terceirização de operações logísticas envolve a delegação de uma ou mais dessas atividades a um parceiro especializado. Ao atuar neste modelo de terceirização, as empresas podem se beneficiar de infraestrutura e expertise existentes de algum operador logístico consolidado no mercado, além de uma rede de distribuição bem estabelecida. Isso pode ser particularmente vantajoso em setores nos quais a logística desempenha um papel fundamental, como varejo, e-commerce e indústria manufatureira. Mas nem sempre os custos e os benefícios compensam a terceirização em todas as atividades, e a terceirização parcial de operações também é utilizada.
- Fulfillment (Atendimento ao Pedido):
Fulfillment, em logística, refere-se ao processo de atender e entregar pedidos de clientes de forma completa e precisa. Isso inclui a recepção do pedido, a preparação e embalagem dos produtos, o processamento do pagamento e a entrega ao cliente. Empresas que buscam expandir suas operações de comércio eletrônico frequentemente recorrem a serviços terceirizados de fulfillment para lidar com a crescente demanda por entregas rápidas e eficientes. Nesse modelo, a empresa terceiriza o armazenamento de produtos, a preparação de pedidos, a embalagem e a entrega aos clientes, deixando a cargo do terceiro todo o fluxo de distribuição. Isso permite que as empresas se concentrem na expansão de seus negócios, enquanto o parceiro de fulfillment cuida da logística diária.
- Full-Commerce (Comércio Total):
O Full-Commerce engloba todas as operações de comércio, desde a aquisição de produtos ou matérias-primas até a entrega final ao cliente. Isso significa que o Full-Commerce abrange não apenas a integração de canais de venda, mas também a gestão de estoque, fulfillment, sistemas de pagamento, marketing, atendimento ao cliente e outros aspectos relacionados ao comércio, como logística reversa. Terceirizar o full-commerce é a forma mais abrangente dentre as aqui citadas. Essa abordagem é especialmente adequada para startups e empresas que desejam lançar rapidamente uma operação de comércio eletrônico sem investir pesadamente em infraestrutura e pessoal. Terceirizar o full-commerce permite que as empresas entrem no mercado mais rapidamente, reduzindo riscos e custos iniciais.
A decisão entre terceirizar ou operar por conta própria, quando não tomada somente por questões estratégicas, é mais assertiva se embasada por análises quantitativas prévias que comprovem as vantagens de uma sobre a outra. Análises como previsão de demanda, dimensionamento de transportes, dimensionamento de capacidade de armazenagem, assim como os custos associados, podem suportar a decisão sobre terceirizar e o que terceirizar. Além disso, ter uma boa visão do mercado e conhecer os potenciais operadores logísticos que teriam capacidade para operar um modelo de terceirização é fundamental para o sucesso da operação.
O ILOS tem experiência em realizar análises em diferentes tipos de projetos de consultoria que entregamos aos nossos clientes. Essa experiência somada ao conhecimento do mercado de operadores logísticos acumulado durante anos pode ser muito útil para empresas que estejam considerando algum modelo de terceirização, independente do modelo a ser adotado.
Sua empresa está considerando terceirizar ou primarizar alguma de suas operações logísticas? Fale com um de nossos especialistas.
Referências
- ILOS/ABOL (13/12/2022) – https://ilos.com.br/panorama-do-setor-de-operadores-logisticos-no-brasil/
- ILOS (30/03/2016) – https://www.ilos.com.br/terceirizacao-logistica-no-brasil-2/
