HomePublicaçõesInsights“Reduflação”: Impactos, desafios e oportunidades para a cadeia de suprimentos

“Reduflação”: Impactos, desafios e oportunidades para a cadeia de suprimentos


Em função de eventos que causam rupturas na cadeia de suprimentos, como a guerra no leste europeu e a pandemia de COVID-19, que demandou volumosas injeções de recursos para manter as pessoas mais seguras, o mundo enxerga no momento níveis de inflação acima dos observados em anos recentes. No Brasil, o IPCA, indicador mais utilizado para mensuração do efeito, apresenta taxas acima de 10% no acumulado anual há alguns meses. Naturalmente, a desvalorização monetária causa efeitos adversos no poder aquisitivo da população, que muitas vezes enfrenta dificuldade em acompanhar o aumento nos preços.

Uma medida muito adotada pelos setores produtivos para manter o consumo em cenários como este é inverter o sentido do ajuste e, ao invés de aumentar o preço do produto, reduzir a quantidade contida em cada unidade, gerando assim um maior preço por grama ou litro, porém sem impacto para o preço total do item, fator considerado mais sensível para boa parte dos consumidores. Você já deve ter percebido essa prática, que foi batizada de “reduflação”, aplicada em diversos produtos. Trata-se de um tema que sempre traz alguma polêmica quando se mostra mais presente no cotidiano, com certos questionamentos sobre a ética e nível de transparência do ato em relação aos consumidores, mas o principal objetivo do texto é lembrar aos profissionais de logística sobre alguns dos desafios que podem acompanhar as mudanças no portfólio.

Figura 1 – Exemplos de produtos que sofreram reduções de conteúdo para evitar aumento nos preços – Fonte: Revista Istoé (20/05/2022) – Empresas reduzem o tamanho das embalagens, mas mantêm os preços nas alturas

 

A alteração no perfil do SKU pode trazer impactos na demanda que precisam ser avaliados e planejados para a gestão eficiente da cadeia de suprimentos. Se a lógica da redução do peso unitário é manter a receita monetária, é esperada uma redução do volume físico a ser produzido, estocado, transportado etc., o que pode diminuir a utilização de ativos, que por sua vez, poderiam ser destinados a outros fins; reduzir o consumo de matérias-primas, que podem ficar super estocadas, entre outros impactos. De uma forma geral, é preciso estudar como os consumidores irão reagir ao novo produto, entendendo se alguns irão comprar mais unidades para levar a mesma quantidade líquida, se manterão o consumo em termos de itens individuais ou deixarão de comprar por perceber menor valor agregado em cada SKU, agregando a informação corretamente ao planejamento.

Outro ponto importante é a própria redução da embalagem, que pode ser muito positiva, mas também trazer seus desafios. Logicamente, a ocupação de menos espaço para cada SKU traz impactos vantajosos para as operações de transporte e armazenagem e um estudo da McKinsey também identifica possíveis aumentos na disponibilidade de produtos, com mais itens podendo ocupar o mesmo espaço nas prateleiras. No entanto, a mudança para o tamanho menor pode gerar dificuldades em termos de suprimentos, sendo necessárias alterações nos contratos com fornecedores ou busca de parceiros totalmente novos. As linhas de produção também podem ter que sofrer adaptações custosas para adequar o novo produto, e caso tenham que ser paradas para tal, é preciso planejar um estoque pulmão para evitar desabastecimento. Por fim, é preciso avaliar o aumento do impacto ambiental causado pelo negócio, uma vez que cada produto líquido vendido irá gerar um resíduo proporcional de embalagem maior.

Se quiser conhecer mais sobre os impactos que disrupções na cadeia de suprimentos causam às operações logísticas, não deixe de conferir a trilha “Supply Chain Flow Gerenciando Rupturas e Incertezas” do 28º Fórum Internacional Supply Chain, que acontece em outubro em São Paulo e online. As inscrições já estão abertas.

 

Referências:

– IBGE – Inflação

– IG (11/08/2022) – Reduflação: embalagens menores não freiam alta nos preços

– McKinsey & Company (26/04/2022) – Skinny design: Smaller is better

– ILOS (18/02/206) – Transportando ar

– Revista Istoé (20/05/2022) – Empresas reduzem o tamanho das embalagens, mas mantêm os preços nas alturas

Atua há 5 anos em projetos de consultoria em Logística e Supply Chain, possui experiências em empresas dos setores de bens de consumo, varejo e de alimentos e bebidas. Tipos de projetos já realizados: Sales & Operations Planning, Gestão de Estoques, Planejamento de Redes, Revisão de processos comerciais, Indicadores de logística e Gestão de transportes

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