Com o crescente aumento da preocupação com o meio ambiente, alinhar-se ao conceito de sustentabilidade é muito mais que uma simples decisão institucional para as empresas. Sustentabilidade vende e é um fator decisivo para muitas pessoas na escolha por produtos e marcas. Ao adotar alternativas mais verdes na logística, garante-se não só uma boa imagem como também possível economias no setor.
O setor da logística é responsável por aproximadamente 14% de toda emissão dos gases estufas, tornando de grande interesse encontrar combustíveis alternativos sustentáveis para substituir os combustíveis fósseis que hoje são majoritariamente utilizados. No post Preços dos combustíveis: oportunidade para eletrificação dos veículos de carga?, a consultora Marina Caldas aborda a ascensão da eletrificação dos veículos de carga. Principalmente com os aumentos no preço do diesel, esta migração para eletromobilidade em países como o Brasil tem um impacto ambiental ainda maior, dado que grande parte da nossa matriz energética provém de fontes renováveis e limpas.
Além da substituição do motor a combustão pelo motor elétrico, a evolução da combustão interna com o uso de combustíveis mais limpos também já é realidade. O Brasil é referência na produção de biodiesel e etanol, que podem ser adaptados para utilização na logística. O gás natural também é uma opção já que pode emitir 70% menos CO2 quando comparado ao diesel. A Volvo, por exemplo, já fabrica caminhões movidos a biogás que são comercializados no Brasil. Existem também opções menos conhecidas, como combustíveis sintéticos e uso de células de hidrogênio. Ainda não existe uma alternativa óbvia que irá substituir por completo o diesel, mas o uso e desenvolvimento constantes dessas tecnologias é o que nos aproximam da logística com carbono neutro.
O uso de veículos com combustíveis adaptados ainda enfrentam alguns problemas que impedem a sua popularização. O CAPEX ainda é um fator impeditivo: o novo VW e-delivery, por exemplo, custa quase 1 milhão de reais, mais que o dobro de um caminhão a diesel de capacidade similar. Embora tenha manutenção e combustíveis mais baratos, o investimento inicial ainda é uma barreira de entrada.
Outro ponto importante é a infraestrutura para acomodar esses tipos de veículos. Em um país onde apenas 13% das rodovias são pavimentadas, é difícil imaginar que o Brasil já esteja apto a receber essas inovações. Pontos de recarga ou postos que contém biodiesel e gás natural ainda são raros e localizados em grandes centros ou estradas mais importantes. Logo, é necessário considerar a distância dos pontos de deslocamento e os pontos de carga na rota, destinando os veículos a rotas favoráveis. Veículos elétricos tem sido muito usados no green last mile, que tem distâncias menores e são normalmente em centros urbanos.
O uso desses combustíveis alternativos ainda esbarra em falta de infraestrutura e, embora o uso de alternativas mais sustentáveis na logística seja uma certeza, a infraestrutura necessária para abraçá-la ainda avança a passos lentos. Cabe as empresas gerirem o uso dessas alternativas em sua operação, selecionando rotas e veículos que favoreçam o uso desses combustíveis, trazendo os benefícios que o uso de alternativas mais verdes trazem e se blindando dos malefícios. É importante se preparar para o futuro, que cada vez mais deve deixar o transporte movido a diesel de lado.
Referências:
– DHL: Sustainable fuels for logistics
– Logistics Insider (14/09/2022): Alternative fuels in the logistics industry: the green energy revolution
– Kogan Page (10/03/2022): What are the Sustainable Fuel Alternatives for Logistics Operations?
– ILOS (08/09/2022): Preços dos combustíveis: oportunidade para eletrificação dos veículos de carga?
– Volvo: Reduza a sua pega com caminhões movidos a gás
– CNBC (20/06/2022): Volvo says it has started testing trucks with fuel cells powered by hydrogen
– Estadão (20/07/2021): Caminhão elétrico VW e-Delivery tem preço maior que Volvo FH 540