Desde o final da segunda guerra mundial, com a reconstrução dos parques industriais da Europa e do Japão, a cadeia de suprimentos tem se tornado cada vez mais global. Inicialmente de modo muito lento, mas durante o final da década de 1980, com a introdução dos PCs e posteriormente da internet no mundo dos negócios a velocidade de internacionalização das cadeias torna-se muito elevada. Uma cadeia de suprimentos global acaba por enfrentar uma diversidade de obstáculos, entre eles: o idioma, a distância, o aumento dos tempos de trânsito, flutuações de câmbio, repatriação de lucros e uma necessidade incessante de controle sobre o working capital das companhias; e é justamente este último o objeto desse texto.
A gestão e o controle sobre o working capital já é um tópico essencial quando falamos de gestão de empresas, em particular da sua saúde financeira, no caso de companhias com cadeias de suprimentos globais este tópico se torna ainda mais essencial, por conta de um agravante. Vejamos a seguir um comparativo entre o modelo de fluxo de caixa de uma companhia com cadeira de suprimentos local e uma companhia com cadeia de suprimentos global:
Figura 1 – Modelo de fluxo de caixa simplificado para uma companhia com cadeia de suprimentos local
O working capital que a companhia deve financiar, devido ao lag entre o pagamento dos fornecedores e a concretização da venda, é dado por:
Working Capital=DOS+DSO – DPO
No caso de cadeias de suprimento globais, geralmente as movimentações de produtos são realizadas pelo modal marítimo, e, portanto, o agravante comentado anteriormente acaba sendo o tempo de trânsito da matéria prima. O tempo de trânsito impacta negativamente de duas maneiras: adicionando estoque em trânsito, adicionando estoque de segurança de matéria prima devido às incertezas.
Figura 1 – Modelo de fluxo de caixa simplificado para uma companhia com cadeia de suprimentos global
Aumentando o tempo de trânsito, também aumentamos consideravelmente o working capital, fato que pode comprometer de forma considerável a capacidade da companhia de realizar novos investimentos. Há algumas maneiras de lidar com isso e evitar o impacto negativo no working capital por parte da globalização das cadeias de suprimento:
- Aumento do prazo de pagamento dos fornecedores, muitas vezes se fazendo valer de parcerias com instituições financeiras para garantir adiantamentos aos fornecedores;
- Contratos de Buy-back com fornecedores;
- Menor ciclo de fabricação, com a produção de lotes menores;
- Menor estoque de produtos acabados, produzindo de acordo com pedidos;
- Redução do prazo de pagamento dos clientes, com segmentação de clientes, e utilizando descontos para garantir antecipação;
De toda forma, a intensificação da internacionalização da cadeia de suprimentos trouxe grandes desafios para os responsáveis pela gestão financeira e de suprimentos de todas as companhias que se inseriram nesse cenário e modelos de negócio adaptáveis a essa realidade se fizeram necessários.
Referências
‘https://ilos.com.br/web/analise-de-mercado/relatorios-de-pesquisa/supply-chain-finance/