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Nearshoring e Friendshoring – Será que o Brasil pode se beneficiar com isso?


Para quem nunca ouviu falar nesses termos, eu explico: o nearshoring, em supply chain, significa encurtar as cadeias de produção, aproximando os elos para perto dos países de origem. Assim, empresas que transferiram suas fábricas e fornecedores para países distantes com custos mais baixos (como foi o caso, por exemplo, de empresas Norte-Americanas produzindo na China e Índia), estariam trazendo de volta suas operações e fornecedores para países mais próximos. No caso do reshoring, a produção estaria voltando para o próprio país de origem. Por sua vez, o friendshoring significa a busca por países mais amigáveis e com maior fit cultural para fazerem parte do supply chain global das companhias, que passam a escolher países com menor risco de guerras e mais fáceis de se fazer negócios.

Friendshoring e nearshoring não são termos recentes. Ainda em 2015, a consultora Fernanda Monteiro escreveu sobre esse movimento das cadeias de suprimentos, especialmente sobre o nearshoring, que já existia há vários anos. Mas os inúmeros riscos de ruptura que surgiram ultimamente, especialmente o fechamento das fronteiras da China por conta da Covid-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia iniciada em 2022, trouxeram essas discussões novamente à tona entre as empresas globais, especialmente dos Estados Unidos e da Europa.

Figura 1: Volume de buscas pelas palavras Nearshoring e Friendshoring. Fonte: Google Trends.

 

Escolher países mais próximos ou mais amigáveis pode tornar as cadeias de suprimentos mais caras, mas com menos riscos. Sua implementação pode não trazer um retorno imediato em termos de resultados financeiros, por isso esse movimento nem sempre terá respaldo dos executivos e acionistas.

De qualquer forma, as visões empresariais exclusivamente financeiras e imediatistas perderam um pouco de força frente aos impactos das rupturas sentidas na prática por muitas empresas. Assim, nearshoring, friendshoring e reshoring voltaram a ganhar força.

E como o Brasil se encaixa nesse contexto? Para o Brasil, país ocidental com poucos riscos de guerras iminentes e amigável em termos de relações com os demais países do mundo, tais movimentos das cadeias de suprimentos poderiam gerar grandes oportunidades. Entretanto, o que vemos na prática é que o Brasil não está tão perto geograficamente de potências como os Estados Unidos e países da Europa, e embora não sejamos hostis, não é tão fácil fazer negócios com o Brasil.

Durante o Fórum Internacional de Supply Chain realizado pelo ILOS em outubro de 2022, o professor Dale Rogers da Arizona State University, grande sumidade no assunto e conhecedor profundo do Supply Chain dos Estados Unidos e de diversos países do mundo, foi categórico em dizer que os grandes movimentos de nearshoring e friendshoring nos Estados Unidos estão se direcionando para a América Central e que o Brasil não está entre os países alvo prioritários das empresas Norte Americanas. A principal crítica está na dificuldade de fazer negócios com o Brasil por conta de regulações, processos, complexidades, exigências e políticas que não facilitam um supply chain ágil e confiável.

Como otimista que sou, acredito no grande potencial do Brasil de se tornar uma importante potência econômica, mas é certo que ainda existem inúmeros entraves a serem superados.

 

Referências:

Google Trends (fev/18 à set/22) – Nearshoring e friendshoring

O Globo (06/07/2022) – ‘Nearshoring’ e ‘reshoring’: saiba por que empresas americanas estão abandonando a China

The Guardian (06/08/2022) – Friendshoring: what is it and can it solve our supply problems?

The New York Times (18/11/2022) – What Is ‘Friendshoring’?

ILOS (09/11/2015) – Por que as empresas estão voltando (quase) para casa?

https://ilos.com.br

Sócia-Executiva do ILOS, possui mestrado e graduação em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com mais de 10 anos de experiência na área de Logística e Supply Chain atuando em diversos projetos, gerenciamento e participação de pesquisas associadas ao tema. Possui mais de 20 artigos em jornais, revistas, periódicos e anais de congressos, sendo co-autora de diversos títulos da Coleção COPPEAD pela editora Atlas e da Coleção Panorama Logístico ILOS e CEL/COPPEAD.

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