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Logística reversa: Desenvolvimento e práticas no setor de bebidas – Parte 2: Embalagens recicláveis


Esta é a segunda parte do artigo sobre logística reversa de embalagens com foco no setor de bebidas. Na primeira parte, além de um contexto geral a respeito do desenvolvimento da logística reversa de embalagens, também foi tratado com mais detalhes as operações envolvendo vasilhames retornáveis. Caso tenha perdido a primeira parte do artigo, clique aqui. A segunda parte abordará as operações envolvendo produtos recicláveis, como a lata de alumínio.

Como mencionado na parte 1, a Logística Reversa vem crescendo nos últimos anos visando atender objetivos ecológicos, econômicos e de competitividade, recapturando o valor de resíduos outrora descartados. No Brasil, a principal entidade à frente da implantação de logística reversa é a Coalizão Embalagens, um grupo que conta com a participação de cerca de 12 Associações e Organizações Brasileiras, com mais de 3.500 empresas associadas. Entre os feitos publicados pela organização a respeito do seu plano de desenvolvimento de logística reversa estão a instalação de mais de 2 mil Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) e a redução de 21,3% do volume de embalagens dispostas em aterros sanitários.

Um dos fatores responsáveis pela redução desse volume é o avanço na reciclagem. De acordo com a Abralatas – Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (2019), a taxa de reciclagem da lata de alumínio alcança até 98%. Isso se deve muito pelo alto custo envolvido na produção do alumínio, o que incentiva a reutilização do material. Se comparado ao PET, que possui um custo de produção mais baixo, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria do PET – ABIPET (2020) a taxa de reciclagem do material atingiu cerca de 55% em 2019, 43% a menos que o alumínio, mas que ainda assim representou um crescimento de 12% comparado ao ano anterior. Para que se continue evoluindo nesse quesito, um dos pontos cruciais é o apoio a organizações e cooperativas de catadores.

Os catadores fazem parte de um elo importantíssimo no ciclo da logística reversa de embalagens, pois são eles um dos principais agentes responsáveis pelo retorno dos materiais recicláveis à indústria. No entanto, o setor convive com altas taxas de informalidade e conta com poucos incentivos para que realizem suas tarefas com qualidade e segurança. Por esse motivo, a indústria também deve prestar suporte técnico e institucional às cooperativas de catadores de materiais recicláveis, sendo essa uma das ações realizadas pela Coalizão. Apoiando mais de 800 organizações de catadores em todo o país, a entidade elaborou um extensivo plano para a adequação e ampliação da capacidade produtiva das cooperativas e associações de catadores, contando com a viabilização de ações para aquisição de máquinas e de equipamentos, bem como para a capacitação de catadores, tornando suas tarefas mais eficientes.

Outro fator importante para o avanço da reciclagem é a difusão de campanhas de conscientização sobre o descarte correto de embalagens entre os consumidores. No contexto do setor de bebidas, a ABIR – Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas assinou em abril de 2022 um novo acordo com o Ministério do Meio Ambiente sobre o descarte consciente de embalagens. De acordo com dados da associação, aproximadamente um terço dos resíduos sólidos urbanos produzidos no país são de embalagens recicláveis. Porém, nem todas conseguem ser recuperadas pelas empresas. A partir disso, a associação desenvolveu uma campanha de conscientização para que os consumidores criem o hábito de separar seus resíduos e descartá-los da maneira correta, facilitando o fluxo reverso das embalagens após o consumo.

Além da conscientização dos consumidores e a estruturação do sistema de logística reversa, com o apoio de organizações de catadores e a instalação dos Pontos de Entrega Voluntária, também é importante o compromisso das empresas com a redução de resíduos e a reutilização de materiais. Entre alguns exemplos de grandes empresas trilhando esse caminho podemos citar a Coca Cola. Segundo Victor Bicca Neto (2021), diretor de relações governamentais da Coca Cola Brasil e atual presidente da ABIR, a empresa assumiu globalmente o compromisso de, até 2030, coletar e reciclar o equivalente em peso a tudo que a empresa colocar no mercado, mitigando seu impacto ambiental.

Para concluir, é possível dizer que a reciclagem no setor de bebidas ainda precisa avançar no Brasil. Por mais que a taxa de reciclagem das latas do alumínio atinja valores altos, o mesmo não ocorre para outros tipos de embalagens recicláveis. Suas taxas, no entanto, estão crescendo a medida em que a estruturação do sistema de logística reversa avança e o trabalho realizado por catadores e cooperativas são apoiados e valorizados pela indústria. Somados a isso, a veiculação de campanhas de conscientização do consumidor também é importante para que o fluxo reverso seja mais eficiente. Por fim, é preciso contar com o compromisso de grandes empresas do setor com a redução de resíduos e seus respectivos impactos ambientais. Como resultado desses fatores será possível observar o aumento do índice de reciclagem de mais embalagens recicláveis e o crescimento de operações mais sustentáveis, diminuindo cada vez mais a quantidade de resíduos produzidos pelo setor.

 

Referências:

– Coalizão Embalagens – Coalizão Embalagens (coalizaoembalagens.com.br)

– ABIR – Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas – Revista_Abir_2021-web.pdf

– SINIR – Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos – SINIR+ | Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos

– BIPET – Associação Brasileira da Indústria do PET – Reciclagem – ABIPET

– Abralatas – Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio – Abralatas

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