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Logística reversa: Desenvolvimento e práticas no setor de bebidas – Parte 1: Vasilhames retornáveis


Este artigo será dividido em duas partes e abordará a logística reversa de embalagens, com foco no setor de bebidas. Nesta primeira parte, além de um contexto geral a respeito do desenvolvimento da logística reversa de embalagens, também será tratado com mais detalhes as operações envolvendo vasilhames retornáveis, enquanto a segunda parte, que será publicada em breve, abordará as operações envolvendo latas de alumínio e outros produtos recicláveis.

A logística reversa vem crescendo nos últimos anos visando atender objetivos ecológicos, econômicos e de competitividade, recapturando o valor de resíduos outrora descartados. No contexto brasileiro, um marco importante é a promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que estabeleceu em 2010 a obrigatoriedade da implantação de um plano de logística reversa para uma série de setores, dentre eles o de embalagens em geral, que afeta diretamente o setor de bebidas. Em novembro de 2015, foi assinado um acordo setorial com o Ministério do Meio Ambiente com o objetivo de garantir a destinação final ambientalmente adequada das embalagens. 7 anos depois da assinatura do acordo, o que tem sido feito para desenvolver a logística reversa no setor?

A principal entidade à frente da implantação do sistema de logística reversa é a Coalizão Embalagens, um grupo que conta com a participação de cerca de 12 Associações e Organizações Brasileiras representantes do setor empresarial composto por produtores, usuários, importadores e comerciantes de embalagens em geral, com mais de 3.500 empresas associadas. Nos primeiros anos, o grupo focou em criar uma infraestrutura de abrangência nacional para dar suporte às operações da logística reversa, e recentemente começou a publicar alguns resultados: De acordo com dados do grupo, no ano de 2020 mais de 250 mil toneladas de embalagens foram coletadas em 374 municípios de 26 estados, mais o Distrito Federal. Com a instalação de mais de 2 mil Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), em conjunto com o apoio a cooperativas e organizações de catadores, houve também uma redução de 21,3% do volume de embalagens dispostas em aterros sanitários.

Especificamente para o setor de bebidas, segundo documento publicado pela ABIR – Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (2021), participante da Coalizão, as bebidas comercializadas em embalagens (no caso, vasilhames) retornáveis representam atualmente 23% das vendas do setor, sendo que a associação promete ampliação do investimento já em curto prazo neste tipo de embalagem, bem como em embalagens recicláveis e recicladas. Segundo matéria publicada pela revista Valor Investe (2022), a Coca Cola, uma das principais empresas participantes da ABIR, investirá cerca de 500 milhões de dólares em conjunto com seus parceiros engarrafadores com o objetivo de aumentar a disponibilidade de embalagens retornáveis na América Latina. Ainda segundo a matéria, o objetivo do grupo é atingir o patamar de 40% no uso de retornáveis nos próximos anos. No Brasil, a venda de retornáveis representa cerca de 20% do total comercializado pela empresa, acima da média global da companhia, que é de 16%.

Um dos pilares para a evolução é a comunicação com o consumidor final, peça fundamental para que o retorno da embalagem seja feito de forma adequada. A veiculação de ações de marketing estimulando a compra de produtos em embalagens retornáveis e a conscientização do consumidor para a realização do retorno são essenciais para que este tipo de operação alcance melhores resultados. Neste meio, um caso interessante é o da AMBEV, que recentemente passou a comercializar caixas contendo 6 garrafas de vidro retornáveis, que não podem ser vendidas separadamente, e começou a estimular sua venda por meio de seu aplicativo de delivery. As caixas, feitas de papelão, contém instruções sobre o retorno dos vasilhames, além de apontar as vantagens econômicas que o consumidor tem ao realizar a compra do produto e retorná-lo da maneira correta, estabelecendo um vínculo com o consumidor e facilitando a ocorrência de novos ciclos. Desta forma, a AMBEV busca aumentar o número de ciclos de cada garrafa, o que deixa a operação mais rentável, diminuir a quantidade de vasilhames descartados, o que atende os objetivos ecológicos de redução de resíduos, além de fidelizar o cliente para próximas compras, aumentando sua competitividade no mercado.

Sobre as perspectivas para o futuro, o setor de bebidas deve intensificar o investimento nos vasilhames retornáveis, o que aumenta a relevância da manutenção de canais de comunicação e a veiculação de ações de marketing para esse tipo de produto. Com consumidores instruídos e fidelizados, a logística reversa flui mais facilmente. Somado a isso, o acordo setorial segue em vigor, e a Coalizão Embalagens continua buscando o desenvolvimento do plano de logística reversa e ampliando sua área de atuação para mais localidades. A infraestrutura dedicada, em união com a conscientização de consumidores, deve fazer com que cada vez menos embalagens sejam descartadas, impulsionando operações mais sustentáveis.

 

Referências:

– Coalizão Embalagens – Coalizão Embalagens (coalizaoembalagens.com.br)

– ABIR – Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas – Revista_Abir_2021-web.pdf

– SINIR – Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos – SINIR+ | Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos

– Valor Investe (02/06/2022) – Coca-Cola investirá US$ 500 milhões na América Latina para ampliar uso de embalagem retornável

 

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