Na área de operações, o apoio de consultorias a empresas é uma atividade que, de forma um pouco simplista, pode ser vista como existente independentemente do ciclo econômico. Em momentos de crescimento predominam projetos voltados para suportar o crescimento das operações, investimentos logísticos, inciativas para garantir níveis de serviço diferenciais e ganhar Market Share. Por outro lado, em momentos de retração os esforços são voltados para iniciativas de redução de custo logístico e ganhos de produtividade.
Entretanto, a crise política e econômica que se abate sobre o país é tão profunda e imprevisível que resultou numa retração e congelamento de diversas iniciativas logísticas nas empresas. O agravamento da recessão em 2015 foi tão agudo, e o consequente impacto na perda de volume de vendas nas empresas tão significativo, que o ano foi marcado por iniciativas de reestruturações internas e esforços de redução de custos na “força bruta”, sem haver necessariamente uma preocupação em redesenhar os processos e operações de forma mais eficiente e sustentável. A orientação era de corte de gastos puro e simples, garantindo a continuidade dos negócios no curto prazo.
Com a perspectiva de mudanças na orientação econômica do país, nós do ILOS temos observado nas últimas semanas que este cenário começa a mudar. Percebemos um aumento considerável na quantidade de iniciativas em discussão atualmente com nossos clientes e parceiros em comparação com o final do ano passado e início deste ano. Estas iniciativas são, é claro, fortemente voltadas para redução de custos, mas com uma visão maior de ganhos de produtividade e operações mais eficientes.
Como exemplo temos iniciativas de gestão de estoques que, apesar da forte orientação de buscar reduzir o capital empatado, tem a preocupação de que uma gestão mais inteligente garanta um melhor balanceamento dos estoques e não prejudique a disponibilidade de produtos para venda. Ou mesmo inciativas de redução de gastos com transporte que, ao invés de buscar pura e simplesmente uma renegociação de tabelas de frete, almejam ganhos de eficiência através de melhor aproveitamento dos veículos e roteirizações mais eficientes.
Entretanto o que nos chama a atenção positivamente é que há uma gama de empresas, grandes e médias, que fizeram bem o dever de casa ao longo de 2015 e, apesar da queda de receita e rentabilidade, foram capazes de estabilizar as operações e estão conseguindo navegar com maior segurança agora em 2016. Nestas empresas além das iniciativas de redução de custos também se discutem formas de estruturar a logística para viabilizar o crescimento quando este vier. Estratégia de distribuição, atuação em novos mercados e até mesmo investimentos em logística voltam aos poucos à mesa.
Se chegamos ao fundo do poço da crise econômica cabe aos economistas responderem. Mas o fato é que algumas empresas já começam a rever suas estratégias logística e redesenhar seus processos operacionais para que estes se transformem em diferenciais competitivos e alavancadores de vendas e ganhos de mercado num futuro não tão distante.