A manchete de capa do Valor Setorial Logística de março de 2016 fala sobre a transferência da responsabilidade dos custos de transporte para o cliente. A substituição de CIF para FOB é mais um dos recursos que algumas empresas têm adotado para aliviar o peso dos custos logísticos em tempos de retração econômica.
Essa iniciativa pode até aliviar os custos para o elo com maior poder de barganha, mas não reduz os custos de transporte no supply chain, que representam cerca de 6,8% do PIB (em 2014 foram gastos R$378 bilhões com transporte doméstico de carga no Brasil de acordo com pesquisa do ILOS). Este custo tende a aumentar, por causa do aumento do custo do diesel e do dissídio dos motoristas.
Grande parte dos altos gastos com transporte de cargas é causada pela crônica ineficiência da infraestrutura de transportes do país, decorrente de três décadas de baixos investimentos em infraestrutura. Para que o Brasil passe a contar com a infraestrutura de transportes equivalente à dos Estados Unidos, seria necessário um aporte de quase R$1 trilhão para investimentos em portos, rodovias e ferrovias. Esse investimento seria pago em aproximadamente 11 anos, considerando que o Brasil economizaria R$91 bilhões ao ano caso a matriz brasileira fosse equivalente à norte-americana. Os investimentos e custos foram dimensionados pelo ILOS e podem ser encontrados no Panorama de Custos Logísticos no Brasil 2016.
Enquanto o investimento não vem, uma das saídas é buscar modais alternativos como a cabotagem, tipicamente utilizada para movimentações de longas distâncias ao longo da costa do país. Apesar das vantagens econômicas e ambientais, a cabotagem está longe de ter seu potencial completamente aproveitado, pois carece de melhor integração com outros modais, demanda para viabilizar maior frequência de navios e operação adequada nos portos. No entanto, mesmo com os problemas enfrentados pela cabotagem, empresários de diferentes setores buscam conhecer o modal. Segundo o diretor comercial da Log-In, Marcio Arany, em citação no Valor, as empresas estão mais receptivas a fazer testes com cabotagem, que pode se tornar uma alternativa de custo ao rodoviário.
Referências
https://ilos.com.br/web/custo-de-transporte-no-brasil-a-conta-nao-fecha-em-2015/
https://ilos.com.br/web/cabotagem-e-reducao-de-custos/
https://ilos.com.br/web/cresce-a-migracao-das-rodovias-para-a-cabotagem/
https://ilos.com.br/web/analise-de-mercado/relatorios-de-pesquisa/custos-logisticos-no-brasil/
Valor Setorial Logística – Março/2016