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Escassez de motoristas no transporte rodoviário de cargas no Brasil

O setor brasileiro de transporte de cargas enfrenta uma crise devido à significativa redução no contingente de motoristas de caminhão e carreta. Conforme indicado por uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), a carência de motoristas é apontada como um dos principais desafios do setor por 65% das empresas entrevistadas.

Dados do Registro Nacional de Condutores Habilitados, fornecidos pelo SENATRAN, revelam uma diminuição de aproximadamente 1,1 milhão de motoristas entre 2013 e 2023, representando uma queda de 20% em uma década. Além disso, destaca-se a preocupação com o envelhecimento dessa mão de obra, com a idade média dos motoristas atualmente em 53,5 anos, um aumento de 9% desde 2013.

Figura 1 – Série histórica da quantidade e idade média dos motoristas de caminhão e carreta, de 2011 a 2023.
Fonte: SENATRAN. Análises ILOS.

 

Há uma década, apenas 15% dos condutores habilitados de caminhão e carreta eram idosos, ou seja, com mais de 60 anos. Em 2023, esse número praticamente dobrou, com 29% dos motoristas situados nessa categoria. A faixa etária entre 41 e 50 anos apresentou a maior queda, com uma redução de 11 pontos percentuais, enquanto os motoristas entre 61 e 70 anos foram os que mais aumentaram sua representatividade, atingindo 19% do total.

 

Figura 2 – Percentual de motoristas de caminhão e carreta por faixa etária nos anos de 2013 e 2023.
Fonte: SENATRAN. Análises ILOS.

 

Ao analisar a distribuição regional dos motoristas de caminhão e carreta, observa-se que, embora a região Sudeste seja a de maior demanda por transporte rodoviário de carga, é também a que enfrenta a maior redução, perdendo mais de 800 mil condutores nos últimos 10 anos, o que representa uma queda de 30%. O estado de São Paulo é o principal responsável por esse declínio, com uma redução de 36%. A região Sul também apresenta uma queda significativa de 19%, enquanto o Centro-Oeste e o Nordeste experimentam reduções mais leves de 1,8% e 1,4%, respectivamente. A região Norte é a única a registrar um aumento, com um crescimento de 7% no número de motoristas.

Figura 3 – Evolutivo da quantidade de motoristas de caminhão e carreta por região, de 2013 a 2023.
Fonte: SENATRAN. Análises ILOS.

 

A falta de interesse na profissão, influenciada por longas viagens, falta de segurança nas estradas e ausência de benefícios, é um fator determinante para a escassez de profissionais no setor de transporte de cargas. Para reverter esse quadro, é essencial investir em medidas que valorizem a profissão, como programas de estímulo para jovens e mulheres, garantindo, ao mesmo tempo, melhores condições de trabalho, remuneração e plano de carreira atrativos.

A escassez de profissionais qualificados no setor de transporte de cargas impõe desafios que exigem soluções eficazes para atender à crescente demanda. Contudo, essa necessidade muitas vezes resulta na precarização dos serviços, seja pela contratação de mão de obra não qualificada ou pelo comprometimento de etapas do processo de transporte para cumprir prazos e demandas específicas. Essa realidade impacta diretamente na economia do Brasil, uma vez que o modal rodoviário é o principal meio de transporte de mercadorias no país e essencial para todos os setores da economia.

A remuneração insatisfatória dos caminhoneiros e a falta de infraestrutura adequada para o exercício da profissão são entraves que desestimulam muitos profissionais. Além disso, a carência de motoristas qualificados se estende à operação de sistemas mais modernos e à integração com a cultura digital, exigindo investimentos em capacitação. Essa crise, caracterizada por uma demanda crescente e uma oferta de mão de obra inadequada, requer uma abordagem abrangente que inclua não apenas atração de novos profissionais, mas também a valorização e qualificação daqueles que já integram o setor, garantindo assim um desenvolvimento sustentável no transporte rodoviário de cargas.

 

Referências

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