As redes logísticas desempenham um papel crítico para garantir a entrega eficiente e pontual de mercadorias. Clientes cada vez mais esperam uma entrega rápida e confiável de seus fornecedores, e quaisquer atrasos ou problemas podem levar à insatisfação e à perda de negócios. Por outro lado, custos de entrega muito altos também podem levar à perda de clientes. Isso significa que as redes logísticas para distribuição dos produtos precisam ser planejadas e otimizadas considerando o trade-off entre nível de serviço, buscando atender às demandas dos clientes, e custo, sendo econômicas para os negócios.
A seguir, discutiremos alguns dos principais desafios associados ao planejamento e otimização de redes logísticas e exploraremos algumas estratégias para superá-los.
- Frequência de revisão da rede logística
Projetos de redes normalmente envolvem altos custos de investimento na implementação pois envolvem abertura de novas instalações, relocações ou desativações e, portanto, são decisões estratégicas não avaliadas com frequência. Apesar disso, diversas situações podem tornar necessária a realização de um novo planejamento, como expansão de mercado, lançamento de nova família de produtos, mudanças na disponibilidade ou preço de matérias-primas, crescimento da demanda, mudanças tecnológicas, novos requisitos de nível de serviço, fusões ou aquisições ou mudanças em incentivos fiscais. No cenário brasileiro, a questão fiscal sempre foi um forte balizador de decisões logísticas. As PECs 45 e 110 da reforma tributária elaboradas em 2019, tramitam pela Câmara e pelo Senado em 2023 e, se forem aprovadas, trarão grandes impactos para redes de suprimentos. O planejamento de médio e longo prazo é essencial, pois caso essas diversas situações sejam resolvidas de forma pontual, é provável que a rede acumule muitas ineficiências ao longo dos anos. Além disso, os ganhos de um projeto podem ser expressivos mesmo em situações em que não há abertura de novas instalações na malha logística, como por exemplo, ao realocar pontos de venda existentes a clientes.
- Visão holística e integrada da rede logística
Uma visão integrada significa considerar a malha logística como um todo, em vez de focar em segmentos ou níveis da cadeia de suprimento isoladamente. Isso requer colaboração e coordenação entre diferentes departamentos e partes interessadas, dentro e fora da empresa. Ao adotar uma abordagem integrada, as empresas podem entender melhor as interdependências e compensações entre as diferentes funções logísticas. Por exemplo, as decisões tomadas no planejamento de transporte podem ter impactos nos níveis de estoque e na utilização do depósito. Ao considerar esses impactos antecipadamente, as empresas podem tomar decisões mais informadas, que levam à melhoria da eficiência geral da rede e à satisfação do cliente. Além disso, uma visão integrada permite que as empresas identifiquem oportunidades de otimização, que podem não ser aparentes ao olhar para funções individuais isoladamente. Por exemplo, ao otimizar somente a distribuição, pode se ter alguns ganhos referentes à realocação dos pontos de venda aos clientes. No entanto, não necessariamente, estes pontos de venda estão na melhor localização possível e, se considerássemos custos de transferência e de suprimento, o ganho poderia ser maior.
- Obtenção de dados
Um dos maiores desafios no planejamento e otimização de malhas logísticas é coletar e integrar dados de múltiplas fontes. Otimização de redes envolve modelos matemáticos que buscam realizar o trade-off entre custos de aquisição de matéria-prima, produção, armazenagem, transferência e distribuição, buscando o menor custo e atendendo restrições de demanda e nível de serviço. Além dos dados referentes a estes custos, são importantes ainda informações acerca das capacidades de produção, recebimento e expedição das instalações, nível de serviço desejado, níveis de estoque e ciclo do pedido. É essencial ter uma visão abrangente e precisa desses dados para tomar decisões informadas sobre a rede logística, uma vez que a qualidade do resultado dependerá da qualidade das informações disponíveis. Para superar esse desafio, é fundamental a colaboração das diversas áreas da empresa na obtenção e validação dos dados. A tecnologia também pode ajudar as empresas a obter uma melhor compreensão dos dados de suas operações através de sistemas já consolidados, como TMS e WMS, além de outras tecnologias em expansão ou embrionárias.
- Incerteza da demanda e oferta
A variabilidade na demanda dos clientes e na disponibilidade da oferta é um grande desafio para otimizar as redes logísticas. Flutuações na venda, capacidade do fornecedor e disponibilidade de transporte podem causar atrasos, gargalos, baixa utilização de instalações e outras interrupções na rede logística. Investimentos em instalações normalmente necessitam de prazos longos para se pagarem, e a demanda futura deve ser capaz de sustentar a operação da nova rede para trazer ganhos à empresa. Dessa forma, uma previsão da demanda bem elaborada diminui os riscos percebidos nos altos investimentos de uma rede logística. A utilização de mais dados além das séries históricas, a análise de diferentes cenários possíveis, a colaboração entre equipes de vendas, marketing e operações e flexibilidade e frequência de atualização do planejamento são algumas boas práticas em previsão de demanda.
Tendo conhecimento destes desafios é possível encará-los de forma adequada e se preparar para a realização de projetos de revisão da rede logística. Um dos projetos de consultoria mais demandados pelos clientes do ILOS envolve otimização da malha logística da empresa, no qual são identificadas as mudanças de localização e dimensionamento de instalações que melhor se adequem à demanda e ao nível de serviço dos clientes, minimizando custos. O Fórum ILOS 2023 vai ter como um dos temas de destaque “DESENHO E OTIMIZAÇÃO DA REDE LOGÍSTICA”, onde este assunto será abordado com maiores detalhes.
Referências:
- Considerações sobre o estudo de localização de instalações – ILOS
- Planejamento de rede logística no contexto nacional – ILOS
- Cunha, C. B. (2006) Contribuição à modelagem de problemas em logistica e transportes. Tese (Livre Docência). Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo.
- : Furlanetto, B. V. R., Marins, F. A. S., Silva, A. F., & Defalque, C. M. (2020). Optimization of a logistics network considering allocation of facilities and taxation aspects. Gestão & Produção, 27(4), e4918.
https://doi.org/10.1590/0104-530X4918-20
- https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2023/04/governo-quer-reforma-tributaria-aprovada-na-camara-ainda-no-primeiro-semestre-afirma-haddad.ghtml
- https://aws.amazon.com/pt/blogs/supply-chain/supply-chain-network-optimization-cutting-through-complexity-to-maximize-efficiency/
