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Criando estratégias de supply chain para empresas altamente inovadoras


Sabemos que, num ambiente competitivo, as empresas devem inovar para sobreviver; entretanto, não é raro ver os conflitos operacionais que surgem com a introdução de novos produtos (INP), incluindo aumento de complexidade na cadeia de suprimentos, incompatibilidades produtivas e desvio de atenção da equipe. Com isso, impactos de diversas proporções podem ser esperados em várias funções da cadeia de suprimentos, incluindo gestão da demanda, compras, produção, gestão de estoques, logística, infraestrutura e manutenção, além do controle de qualidade. Mas como uma empresa pode ser inovadora e eficiente ao mesmo tempo? Este é o assunto deste artigo, no qual apresentaremos o caso da MeatCo (nome fictício), uma fabricante de alimentos altamente inovadora.

Com uma estratégia competitiva focada na inovação, com lançamentos frequentes de novos produtos, a MeatCo conseguiu crescer substancialmente as suas vendas, ao custo da diminuição da sua lucratividade. A empresa chegou a lançar, em um período de apenas dois anos, mais de 300 novos produtos e, mesmo com a descontinuidade de alguns artigos, aumentou sua oferta de produtos de 223 para 302 itens. Portanto, é uma hipótese razoável supor que o aumento de complexidade associado à inovação seja pelo menos parte da explicação para a redução da lucratividade da empresa.

Entrevistas com funcionários da empresa identificaram diferenças de percepção do impacto da inovação entre diferentes departamentos, o que poderia prejudicar os esforços para desenvolver uma estratégia de inovação coerente. Por exemplo, a área comercial se via pressionada a dar suporte a múltiplas variantes de produtos para atender à demanda de segmentos de clientes cada vez mais específicos. A equipe de operações, por outro lado, encontrava-se lutando para entregar eficientemente uma gama de produtos cada vez mais diversa e complexa.

A estratégia de operações da MeatCo se resumia em oferecer níveis de serviço elevados, produzir artigos de qualidade superior e entregar produtos frescos. O atingimento dessas metas pode ser avaliado por meio de indicadores de nível de serviço (fill rate), conformidade com a qualidade do produto (taxa de devoluções) e frescor do estoque (rotatividade), respectivamente.

Ao analisarmos o caso, percebemos que a introdução de novos produtos impacta a operação direta e indiretamente. Por meio de testes de hipótese, foi possível examinar não apenas o momento desses impactos no nível de serviço, qualidade e frescor dos produtos, mas também até que ponto a intensidade destes impactos varia de acordo com grau de inovação do produto. Os principais impactos diretos estão associados a mudanças de foco e à curva de aprendizado. Já os impactos indiretos estão relacionados às complexidades decorrentes da maior variedade de produtos, incluindo maior incerteza da demanda, trocas de produção mais frequentes e maior risco de contaminação cruzada de alimentos (alérgenos cada vez mais variados). Ainda, observou-se que o grau de inovação do produto exacerba o impacto da INP na operação, dependendo da quantidade de mudanças exigidas na operação para produzir e entregar o novo produto.

Observou-se também que o impacto da INP é mais evidente no longo prazo, já que sustentar introduções frequentes de novos produtos por um longo período pode comprometer o desempenho operacional proporcionalmente mais que impactos imediatos de lançamentos de novos produtos isoladamente. Além disso, a INP pode promover o crescimento descontrolado da variedade de produtos, se não for combinada com uma estratégia clara de gestão de categorias, podendo prejudicar fortemente a operação devido ao aumento da complexidade.

Mas… o que fazer? Empresas em situação semelhante devem estabelecer planos de inovação estruturados e sistemáticos, evitando introduções aleatórias de novos produtos e estabelecendo um ritmo de inovação que possa ser suportado pela operação. A operação precisa de certo tempo para se adaptar a cada inovação e quanto mais rápido puderem fazê-lo, maior a capacidade de inovação, sem que a operação sofra demasiadamente. Por outro lado, ao estabelecer planos claros de gestão de categorias, as empresas podem evitar a expansão desnecessária de sortimento promovida pela inovação, o que pode prejudicar o desempenho operacional se não for bem administrada. Além disso, essas medidas devem ser suportadas pela melhoria da confiabilidade, disponibilidade e fluxo de informações em toda a organização e nos relacionamentos cliente-fornecedor.

Ao suavizar os potenciais impactos operacionais negativos decorrentes da introdução de novos produtos, estas recomendações são um bom ponto de partida para a resolução de conflitos entre a inovação e a eficiência em empresas de bens de consumo de alto giro que desejem permanecer competitiva em termos de produtos, custos e serviço.

 

Referências:

– Laranjeira, L. (2020). Exploration & Exploitation: Reconciling Product Innovation and Supply Chain Performance in Consumer Packaged Goods Manufacturing. Doctoral Dissertation. Zaragoza Logistics Center – MIT SCALE Network

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