This paper describes a simulation model developed as a decision support system for capacity planning of distribution terminals for a Brazilian oil company. Due to the complexity of loading demands, caused by different combinations of products and quantities, simulation was used.
O setor de distribuição de combustíveis no Brasil passou por diversas transformações nos últimos anos. Em 1996, este setor movimentou um volume da ordem de US$ 25 bilhões , atrás apenas dos setores de comércio, automóveis e alimentos. O setor passou por uma desregulamentação nos últimos anos, com a internacionalização do mercado e entrada de concorrentes.
Para aumentar a eficiência logística, uma empresa distribuidora está investindo na redefinição de sua rede logística, racionalização de seu sistema de transporte, implementação de serviços de apoio ao cliente e no aumento de produtividade das Bases de Distribuição. É justamente neste último ponto onde apresentaremos a aplicação da técnica de simulação.
SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO
A distribuição de combustíveis inicia-se em cada uma das 13 refinarias existentes no país. Os produtos são transferidos e armazenados nas Bases de Distribuição, onde ocorre o suprimento dos caminhões tanque e mistura com produtos próprios da companhia. Da Base de Distribuição os produtos seguem para os clientes finais da empresa, como postos de abastecimento, grandes consumidores e atacadistas. A Figura 1 ilustra o sistema de distribuição da empresa.
O fluxo entre refinarias e Bases de Distribuição é predominantemente feito através de dutos, enquanto que a distribuição da Base para o cliente final se dá apenas através de transporte rodoviário, sendo a maior parte da frota de caminhões da própria empresa.
Este trabalho descreve uma ferramenta para o auxílio no dimensionamento de Bases de Distribuição, minimizando o tempo de espera de caminhões na Base. Quanto menor o tempo de espera no atendimento em Bases de Distribuição, maior o número de viagens que os caminhões podem efetuar para o cliente final, utilizando assim de maneira mais eficiente os recursos da empresa.
COMPLEXIDADE NO DIMENSIONAMENTO DE BASES DE DISTRIBUIÇÃO
Uma Base de Distribuição, de uma maneira simplificada, é composta por tanques para armazenagem de combustíveis e baias para o carregamento dos caminhões-tanque. Os caminhões em sua maioria são compartimentalizados, possibilitando desta forma o carregamento e transporte de diversos tipos de combustíveis e quantidades. Em cada baia de atendimento, existem bicos de carregamento para cada tipo de combustível.
Deste modo, dimensionar uma Base de Distribuição significa determinar o número de baias de atendimento e o mix de bicos de combustíveis em cada uma dessas baias, ou seja, qual o tipo de combustível que o bico deve carregar. Alterações de configurações são extremamente caras, impossibilitando que testes de configurações possam ser feitos com o sistema real.
Tal dimensionamento não é uma tarefa trivial, devido à complexidade inerente à demanda por carregamentos. Os caminhões possuem uma chegada para carregamento que não é constante ao longo do tempo, ocorrendo picos de demanda. O Gráfico 1 nos mostra a porcentagem de chegadas de caminhões por faixa horária em determinado dia.
Além disso, por possuírem tanques compartimentados, cada veículo demanda por uma quantidade e mix diferentes de produtos. O gráfico 2 mostra a diversidade de carregamento em um determinado mês. No caso abaixo, 32% dos caminhões que entraram nesta base só carregaram Diesel (D), 20% carregaram Álcool Hidratado (AH) e Gasolina (G), e assim por diante.
Desta forma, temos caminhões chegando na Base de Distribuição em intervalos de tempo diferentes, requisitando mix de combustíveis diferentes em quantidades diferentes. Esta complexidade na demanda torna difícil a determinação do número de baias que a base deve possui e quais tipos de combustível cada baia deve ter. A empresa utilizava então fórmulas analíticas para o dimensionamento, através do volume total da demanda, o que fazia necessário o uso de fatores de segurança e superdimensionamento de Bases.
A TÉCNICA DE SIMULAÇÃO
A técnica empregada neste estudo foi a simulação. Esta abordagem trata primeiramente da criação de um modelo que represente a realidade. O modelo, ao representar adequadamente a operação do sistema real, após uma etapa de validação, pode ser utilizado então para o teste de alternativas de operação diferentes das atuais e compará-las entre si. Segundo Banks, Carson & Nelson (1996) [1], a simulação é indicada quando o sistema a ser estudado é complexo, e as relações entre as diversas variáveis são difíceis de serem determinadas ou mensuradas.
Para a formulação do problema, foram definidas como parâmetros de controle a configuração das baias e o perfil de demanda. As variáveis de saída foram os tempos de espera de atendimento dos caminhões, o tempo de fila de espera e a utilização dos bicos de atendimento. De acordo com Saliby [2], o modelo a ser descrito a seguir trata-se de um modelo probabilístico, dinâmico e com eventos discretos.
O modelo foi construído utilizando o software de simulação Arena®. Os passos seguidos para a construção do modelo seguiram a metodologia descrita em Law & Kelton [3]: (a) Formulação do Problema, (b) Obtenção de dados e definição do modelo, (c) Construção do modelo, (d) Validação, (e) Definição dos experimentos e (f)Análise de Resultados. A modelagem compreendeu a utilização de distribuições probabilísticas para a taxa de chegada dos caminhões e detalhamento dos compartimentos de cada caminhão, ou seja, diferentes mix e quantidade de produtos a serem carregadas. Cada baia podia possuir diferentes tipos de bicos de carregamento, onde cada bico possuía uma vazão específica, dependendo do tipo de combustível. Além da etapa de carregamento, o modelo contemplou um processo de check-in e check-out, onde procedimentos de segurança e de conferência são feitos pela empresa. O modelo também levou em conta os tempos de movimentação do caminhão dentro da Base de Distribuição.
A validação do modelo foi feita comparando as informações geradas com o modelo de simulação com os dados de histórico da empresa.
RESULTADOS
Utilizamos 3 fatores (variáveis de entrada) para variação no sistema: vazão das bombas, número de lajes e número de bicos. Como variáveis de resposta, computamos o Tempo Total de Carregamento e o Tempo de Fila. No Gráfico 3, temos um exemplo do Tempo Total de carregamento para diversos valores de vazão.
Num primeiro grupo de experimentos, observamos como a variação nos fatores influía nos tempos de carregamento e de espera, com as principais conclusões sendo:
1. Pequenas variações nos valores de vazão levavam a grandes variações nos tempos de carregamento e de espera.
2. A relação entre o número de lajes e o tempo total de atendimento segue uma curva semelhante à uma parábola
3. a concentração de bicos por laje tende a diminuir o tempo de carregamento.
4. uma diminuição no tempo de carregamento não ocasiona necessariamente uma queda no tempo total de atendimento.
5. verificamos a relação entre o número de bicos e o tempo total do sistema. Para um número baixo de bicos, o tempo total de atendimento tende a crescer exponencialmente.
6. relação linear entre o número de bicos e a utilização dos bicos
Um importante resultado da utilização do modelo de simulação foi observar que o fator vazão é aquele onde pequenas melhorias geram grandes benefícios ao sistema. Além disso, a quantificação das relações entre o número de bicos e as respostas de tempo total e de utilização de bicos. Desse modo, pode ser feita uma análise entre nível de serviço e utilização de recursos.
Num segundo grupo de experimentos, a taxa de chegada de caminhões foi equalizada, evitando os momentos de pico. Isso representaria uma atitude proativa da empresa em trabalhar com carregamentos com janelas de tempo pré-programadas, evitando a concentração da chegada de caminhões em certos períodos do dia. Chegamos às seguintes conclusões:
1. A homogeneização da demanda reduz substancialmente o Tempo Total de Atendimento e o Tempo de Espera de caminhões na Base de Distribuição, além de reduzir sua variabilidade.
2. Alterações na hora de chegada dos caminhões não alteram o tempo de carregamento, desde que o número de caminhões, volume e mix de combustíveis dos caminhões que chegam na Base mantenham-se constantes.
CONCLUSÃO
A simulação foi uma ferramenta adequada ao tratar da complexidade do problema, chegando ao nível de detalhe da compartimentalização de cada caminhão, das taxas de chegada variáveis e das quantidades e mix de produtos diferentes.
Possibilitou, sem investimentos nem mudanças no sistema real, avaliar o impacto futuro de variação dos fatores, chegando ao nível de detalhe da utilização de cada recurso e do nível de serviço prestado aos caminhões da frota.
Permitiu quantificar relações entre o número de bicos e sua resposta em tempo de atendimento e utilização dos bicos.
Permitiu avaliar o impacto de cenários que não podem ser testados no sistema real, como a variação no perfil de demanda dos caminhões afeta o sistema de atendimento de caminhões.
Deste modo a utilização da simulação é uma abordagem promissora no tratamento deste problema possibilitando modelar uma grande variedade de configurações e cenários alternativos, além de direcionar políticas de investimentos que melhorem o atendimento em bases de distribuição.
BIBLIOGRAFIA
BANKS, J.; CARSON, J.; NELSON, B. Discrete-Event System Simulation, New Jersey: Prentice-Hall, Inc., 1996
SALIBY, E. Repensando a Simulação – A Amostragem Descritiva, São Paulo: Editora Atlas, Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1989
LAW, A. M.; KELTON, W. D. Simulation Modeling and Analysis, New York: McGraw Hill, 1991