É fato que a cadeia logística vem enfrentando novos desafios. A tecnologia colocou muitos poderes nas mãos dos consumidores, que tiveram suas expectativas aumentadas e estão exigindo cada vez mais rapidez nos processos, sem estarem dispostos a pagar mais por isso. Além disso, a diversificação de portfólio, a omnicanalidade e a globalização dos fluxos de mercadorias colaboraram para a complexidade dos processos logísticos. O planejamento da demanda foi afetado por todas estas mudanças, que estão exigindo melhores técnicas preditivas, o uso de tecnologias mais avançadas e a integração entre os elos da cadeia. Atualmente, é essencial que as empresas se desenvolvam nestas três frentes para que as previsões tenham maior acuracidade, melhorando o nível de serviço e reduzindo os custos.
Em 2016, o Leonardo Julianelli trouxe aqui para o blog um post com o conceito de CPFR – Collaborative Planning, Forecasting and Replenishment. Trata-se do alinhamento dos processos de planejamento entre players da cadeia logística, que passam a desenhar conjuntamente as suas atividades para garantir que seus planos de negócio sejam respeitados, minimizando custos e maximizando a eficiência de ponta a ponta. O planejamento colaborativo melhora a gestão de estoques ao longo da cadeia, tornando-o mais responsivo, mais fluído e diminuindo os casos de falta. Isso tem reflexos no nível do serviço fornecido aos clientes e aumenta a competitividade da cadeia como um todo.
Segundo a Gartner, há cinco níveis de maturidade da cadeia colaborativa, estando o CPFR presente a partir do quarto degrau. Abaixo, há a descrição de cada um.
Figura 1 – Os 5 graus de maturidade da cadeia colaborativa
Estágio 1 – Reagir: O primeiro degrau é marcado pela completa ausência de uma cultura colaborativa, onde cada departamento da empresa toma decisões autônomas, buscando o ganho individual sem consideração do ganho global da empresa. Há constantes conflitos, principalmente, entre as áreas de vendas e operações.
Figura 2 – Características do primeiro estágio de maturidade
Estágio 2 – Antecipar: Para solucionar a questão dos planos divergentes entre as variadas áreas, cria-se um primeiro plano de vendas, usualmente influenciado pelo otimismo do departamento comercial.
Figura 3 – Características do segundo estágio de maturidade
Estágio 3 – Integrar: As incertezas geradas a partir do uso de um plano de vendas construído sem o prévio alinhamento entre as áreas deixam margem para uma discussão dos custos resultantes desta falta de integração. É a partir deste momento que os departamentos começam a trabalhar de forma alinhada, em geral, em processos conhecidos como S&OP (Sales and Operations Planning) ou IBP (Integrated Business Planning).
Figura 4 – Características do terceiro estágio de maturidade
Estágio 4 – Colaborar: É no quarto estágio da cadeia colaborativa que o CPFR aparece. O alinhamento do plano de vendas começa a ser expandido, incluindo parceiros da cadeia. Assim, a colaboração torna-se o diferencial e há maior visibilidade da demanda.
Figura 5 – Características do quarto estágio de maturidade
Estágio 5 – Orquestrar: O último estágio, de difícil alcance para a maior parte das empresas, apresenta integração intensa e automação da tomada de decisão entre os elos da cadeia, dos clientes aos fornecedores, com visibilidade em tempo real.
Figura 6 – Características do quinto estágio de maturidade
O panorama elaborado pelo ILOS em 2015 constatou que as companhias brasileiras obtiveram avanços na integração interna, mas ainda estavam bastante atrasadas na colaboração externa. Em comparação com países como Alemanha e Estados Unidos, o Brasil ainda precisa trabalhar para sair do estágio “Integrar” e partir para o “Colaborar”. Uma pesquisa informal realizada pelo ILOS durante o Fórum Internacional Supply Chain 2019 confirmou este fato, visto que apenas 10% das empresas, representadas pelos executivos presentes, possuem seu processo de demanda nos estágios “Colaborar” e “Orquestrar”.
Figura 7 – Comparação entre a adesão a processos de S&OP e CPFR no Brasil, na Alemanha e nos Estados Unidos.
Fonte: Panorama ILOS – 2015
Conforme descrito pela Gartner, é necessário passar por cada degrau a fim de alcançar altos estágios de integração e sabe-se que não é um processo fácil. É preciso escolher os parceiros certos, evoluir na confiança entre os elos e realizar uma reestruturação organizacional que suporte a integração. Paralelamente, é necessário evoluir na tecnologia utilizada para o compartilhamento de dados.
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Fontes: