A gestão do portfólio é decididamente um grande desafio para os gestores de Supply Chain. A vontade de oferecer mais opções aos consumidores e abarcar diferentes nichos de mercado muitas vezes traz como consequência o aumento de complexidade e custos para a logística, além de dificultar a gestão de estoques.
Desde que foi lançado em 2020, o PlayStation 5 está disponível em dois modelos: Um com um leitor de Blu-Ray com capacidade de reproduzir jogos e filmes em formato de discos, e um segundo, mais barato, que não possui tal funcionalidade, limitando o usuário às lojas digitais para obter os conteúdos. É fácil entender que um produto como o PS5 não é lá exatamente o sonho dos responsáveis pela logística. Valor agregado alto, pesado e volumoso, margens negativas nos anos iniciais…. Os dois modelos adicionam complicações a essa gestão, porque eles acabam competindo por espaços de armazenagem, nos veículos, materiais, e capital investido e os estoques têm que ser calibrados individualmente, podendo haver sobra em um modelo e falta do outro, por exemplo, por algum erro de previsão ou planejamento na alocação desses recursos.
Figura 1- Os dois modelos originais do PlayStation5, lançados em 2020 (Imagem: Divulgação – Sony)
A companhia lançou uma revisão do hardware do videogame. Ele continua sendo oferecido nas duas variações citadas, mas agora o leitor de discos que diferenciava o modelo mais caro passa a ser facilmente acoplável e destacável, fazendo que rapidamente um SKU possa virar o outro. Essa mudança é muito benéfica para o Supply Chain da linha, pois oferece flexibilidade e rapidez na produção e no estoque. É possível, com a nova configuração (que também é 30% menor), produzir somente as unidades básicas, simplificando o planejamento, e posteriormente montar os kits diferenciados, com ou sem o leitor, mais rapidamente conforme a flutuação de demanda.
Figura 2 – Novos modelos menores e com leitor destacável (Imagens: Divulgação – Sony)
Esta filosofia não é nova na linha do produto. Antes a Sony havia solucionado o problema das cores fazendo com que as tampas (as partes de cor branca) já fossem facilmente substituíveis, o que já eliminava a necessidade de planejar, sequenciar a produção e gerenciar o estoque e a armazenagem de produtos inteiramente novos, bastando apenas fazer o processo para as novas tampas coloridas, que são muito menores, leves, mais baratas e mais fáceis de produzir.
Tal modularidade não só é positiva para a cadeia da companhia, como também pode ser muito boa para o consumidor, que pode desembolsar muito menos para customizar seu produto. Se quiser trocar a cor de seu videogame ou ter uma variação especial, não precisa comprar um console totalmente novo e caro, apenas uma parte muito mais simples. Com o novo modelo, os compradores da versão exclusivamente digital ainda podem adquirir o leitor separadamente, caso resolvam fazer o upgrade em um momento futuro.
Figura 3 – Tampas de cores diferentes facilitam a logística e reduzem o custo da customização (Imagens: Divulgação – Sony)
Esse caso mostra como o desenvolvimento do produto pode ser uma etapa muito importante na otimização do Supply Chain. A aplicação de um design modular nesse caso parece uma saída bastante interessante para fugir das complexidades sem deixar de oferecer opções ao consumidor.
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Referências
- The Verge (10/10/2023): Sony’s new PS5 with a removable disc drive launches in November
- PlayStation – PS5 Console Covers
- PlayStation – PS5 Console Covers PS5™ Console Covers – Marvel’s Spider-Man 2 Limited Edition