Saiu uma reportagem no Valor Econômico sobre o ‘Marketplace B2B’. Isso me fez refletir o quanto que o modelo de compra online e entrega direta ao consumidor evoluiu de forma exponencial nos últimos anos. Atualmente é muito comum vermos pessoas com pacotes andando pela rua para fazer entregas, seja a pé ou em bicicletas. Há inclusive pessoas que ao receber essas encomendas dizem que é como receber um presente e sentem prazer na experiência.
As empresas vêm se tornando mais eficientes e ofertas de fretes baratos e rápidos passam a ser mais comuns. Opções de ‘Retire na Loja’ nas quais o pedido é iniciado em plataforma online e finalizado no ambiente físico da loja já são prática no Brasil. Também já é possível ver ‘lockers’ em estações de metrô e outros pontos estratégicos.
Ainda há muito espaço para expansão e captura de oportunidades dentro do universo do B2C que segundo a Grand View Research deve crescer 9,7% até 2028. Mesmo empresas de bens de consumo mais perecíveis, começam a operar esse modelo de entrega direta para o consumidor. No setor de bebidas por exemplo temos o caso da Andina no Rio de Janeiro com o programa “Na Sua Casa”, onde produtos da Coca-Cola são oferecidos e entregues diretamente ao consumidor; e o já conhecido caso de sucesso “Zé Delivery”, plataforma que faz a ponte entre consumidores e pequenos varejistas.
Mas e o marketplace B2B? Ou seja, aquele no qual a oferta e demanda de produtos em um ambiente online é feita entre CNPJs. Semelhante ao modelo B2C, nesse ‘mercado’, pessoas jurídicas fazem suas compras comparando oferta de diversos fornecedores. As vantagens iniciais para o fornecedor seria ter acesso direto a demanda de seus clientes, o que ajuda no planejamento logístico e da produção, além de reduzir estoques ao longo da rede de suprimentos. Para o consumidor, é um ambiente que, teoricamente, facilita a negociação e permite que produtos sejam encontrados de forma mais eficiente.
O mercado online B2B movimentou mais de US$ 6 trilhões no mundo e tem-se expectativa de crescer o dobro do B2C. Inclusive, grandes players do mercado B2C já atuam nessa frente como Amazon Business, Alibaba.com (focado em varejistas chineses, mas já tem operações internacionais) e IndiaMart (maior plataforma B2B da Índia).
No Brasil, grandes empresas como Unilever investiram nesse modelo, dando origem a startup ‘Compra Agora’. Nesse marketplace focado no pequeno varejista, empresas como 3M, Bauducco, BRF, Kimberly-Clark e L’Óreal estão embarcadas na plataforma e tem acesso direto a milhares de pequenos varejistas, como padarias, mercearias de bairro entre outras.
Também há o caso de startups como a MinniS e a Zapply, voltada para pequeno comércio onde diversos atacados fazem suas ofertas online; a Gofind que faz uso de big data para identificar oportunidades de compra tanto em lojas físicas quanto virtuais; e a Inventa, semelhante a “Compra Agora”, que recebeu aporte de R$ 115 milhões em Jan/22 e tem planos de expansão para México e Colômbia.
Essas opções representam grande oportunidade para as empresas que passam a ter acesso direto a demanda de seus clientes, ao mesmo tempo que são um desafio para a logística com maior capilaridade de entrega e prazos cada vez menores. Além disso, temos o desafio da logística reversa e de tornar a experiência do cliente mais fluída possível, o tão almejado omnichannel, além das questões de mitigação de riscos quando se lida com vários fornecedores e o modelo B2B2C, mas isso é tema para um próximo post!
Referências:
– Valor Econômico (19/07/2022) – Indústria fatura mais com plataforma B2B
– Pequenas Empresas & Grandes Negócios (24/01/2022) – Inventa, marketplace B2B para pequenos e médios varejistas, fecha nova rodada e levanta R$ 115 milhões
– Inventa – https://inventa.shop/
– MinniS – https://minnis.com.br/
– Compra-Agora – https://www.compra-agora.com/