Um dos grandes desafios contemporâneos das empresas é gerir e analisar a enorme quantidade de dados (Big Data) originados pelos diversos sistemas utilizados em todas as esferas da companhia e da cadeia de suprimentos. Entretanto, quando bem executado, o Big Data Analytics é capaz de trazer grandes ganhos e indicar excelentes oportunidades.
Uma prova do potencial que a análise dessa grande massa de dados pode ter foi revelado no mês passado, quando pesquisadores o Instituo de Energia da University College London disponibilizaram ao público um mapa interativo que mostra a movimentação do transporte marítimo internacional em 2012. Desenhado pela Kiln Digital, o mapa foi criado a partir de 250 milhões de posições de navios registrados individualmente, que foram cruzados com outros bancos de dados para se obter as características de cada tipo de embarcação. O resultado é impressionante é pode ser experimentado abaixo.
O objetivo principal do projeto era mostrar o tamanho da pegada de carbono deixada pelos navios. Em 2012, foi estimado em mais de 796 milhões de toneladas as emissões de CO2 originárias do transporte marítimo internacional, um tema que se tornou um elefante na sala de negociações da COP21 no ano passado.
Além de conferir a contagem das emissões, através do mapa é possível escolher qual período do ano e região você quer visualizar, que elementos você quer deixar aparentemente (portos, rotas, navios e limite dos continentes) e filtrar os navios por tipo (amarelo para navios porta-contêiner, azul para cargas sólidas, vermelho para tanques de petróleo e combustível, verde para transporte de gás natural liquefeito e rosa para o transporte de veículos).
Por meio da navegação no mapa, é possível observar interessantes situações:
- Mesmo desligando a opção de marcação do limite dos continentes, é possível identificá-los bem claramente simplesmente pelas linhas de rotas;
Figura 1 – Mapa apenas com rotas de navios
Fonte: shipmap.org
- Em razão dos ataques de piratas somalis que ocorreram com grande frequência entre 2005 e 2012, as rotas dos navios geralmente passam mais longe da costa da Somália;
Figura 2 – Rotas próximas à Somália
Fonte: shipmap.org
- Em canais como o do Panamá, há uma pequena aglomeração de navios perto da entrada, esperando a sua vez de atravessar. Por conta da limitação de embarcações que podem navegar juntas, está sendo finalizada uma expansão do canal, que deve ser inaugurada no próximo mês;
Figura 3 – Canal do Panamá
Fonte: shipmap.org
- A dificuldade de navegação para os Polos Norte e Sul acarretam na quase inexistência de rotas para as regiões;
Figura 4 – Polo Sul
Fonte: shipmap.org
- Perto do Rio de Janeiro, é possível identificar a Bacia de Campos em função da concentração de navios petroleiros;
Figura 5 – Bacia de Campos
Fonte: shipmap.org
- Mesmo tendo um oceano inteiro para navegar, os navios costumam ficar perto da costa ou se agrupar em determinadas rotas para diminuir o seu tempo no mar;
Figura 6 – Rotas comuns
Fonte: shipmap.org
- Os navios são capazes de navegar em grandes rios, como é o caso do Rio Amazonas.
Figura 7 – Rotas pelo Rio Amazonas
Fonte: shipmap.org
O projeto desenvolvido pela UCL é muito interessante, pois consegue tangibilizar situações que muitas vezes ficam apenas no campo da imaginação. Fica a torcida para que surjam mais iniciativas como esta!
Referências
<https://www.bartlett.ucl.ac.uk/energy/news/interactive-shipping-map>