Devido à conjuntura político-econômica que assola o Brasil, temos percebido que as grandes empresas, como forma de atenuar o efeito da crise, têm investido em soluções e estudos para minimizar as ineficiências de suas operações logísticas, geralmente através de ganho com produtividade, seja na operação in house ou, principalmente, nas operações de transporte.
O que temos notado a partir dos projetos que desenvolvemos em empresas dos mais variados setores é que poucas realizam o monitoramento da sua frota. É comum que a frota seja rastreada, seja por questões patrimoniais no caso de setores cujos produtos possuem maior valor agregado ou simplesmente como uma forma de baratear o custo do seguro do veículo. De acordo com a pesquisa publicada no Panorama ILOS Operadores Logísticos e Ferrovias (2016) a partir do levantamento realizado pela Tecnologística, 91% transportadoras analisadas possuem algum tipo de rastreamento da frota, seja ela própria ou terceirizada. Contudo, o conceito de rastreamento é diferente do monitoramento, sobre o qual estamos falando neste post.
O rastreamento puro apenas informará a localização do veículo quando for desejado, de forma passiva. Dessa forma, não é possível tomar medidas que possam evitar acidentes ou atrasos das entregas daquela viagem. O conceito de monitoramento é mais amplo; ele se utiliza do rastreamento para fazer uma gestão ativa da frota. Ele traz benefícios para a companhia tanto em termos de segurança do motorista e de roubo da carga quanto de ganhos logísticos.
Aprofundando mais na questão Logística, o monitoramento pode auxiliar as empresas em tempos de crise. Com a correta parametrização do sistema e input de informações de pedidos e viagens, o sistema dispara alertas para os operadores da Central de Controle, informando quando um motorista desvia da rota, quando inverte a entrega de clientes, permanece mais tempo parado em um local do que o devido ou esperado. Quando um evento é disparado, o operador entra em contato com o preposto da transportadora ou dispara automaticamente um alerta para o motorista para que siga a viagem programada. Dessa forma, reduz-se o tempo de ciclo da viagem, impactando, consequentemente, na produtividade da frota.
Figura 1 – Central de Monitoramento – Quando um evento dispara, os operadores da Central entram em contato com a transportadora
O que observamos é que os motoristas modificam sua condução apenas por saberem que estão sendo monitorados, mesmo que não sejam contatados por nenhum desvio inicialmente. Esse comportamento por si só já reduz o tempo de ciclo da viagem. Outro ganho de performance proporcionado é advindo do aumento da confiabilidade da informação sobre a localização do veículo. Quando se tem uma maior previsibilidade de quando o caminhão retornará à base, torna-se plausível programar uma segunda viagem. Outros benefícios também são proporcionados pela Central, relacionados à segurança da carga e do condutor, como a redução da velocidade média, de paradas ou passagens por vias não seguras etc, e até mesmo uma melhor gestão da jornada dos motoristas e da utilização e disponibilidade da frota.
Figura 2 – O Monitoramento como meio de redução de custos
Uma Central de Programação e Controle com monitoramento da frota pode ser montada dentro da própria empresa, com funcionários e inteligência logística desenvolvida internamente, ou terceirizada para empresas especializadas neste tipo de serviço. Cada modelo possui seus prós e contras. A operação interna garante a confidencialidade da operação da companhia e pode permitir sinergia com operações de outros setores da empresa, com aproveitamento de ociosidade da frota, por exemplo. Porém, pode sair mais cara do que a terceirizada. Esta possui escala, pois monitora veículos de diversas outras empresas também, além de possuir a expertise de como operar esse modelo de atuação, enquanto a companhia precisaria desenvolvê-la. Contudo, certas customizações seriam interessantes para algumas empresas, incluindo o intercâmbio de dados com outros softwares da companhia, como de auditoria de fretes e controle de status de pedidos online, e elas seriam bem mais complexas se tivessem que ser feitas a partir do software de uma empresa terceirizada. Por fim, dependendo do porte da empresa terceirizada, ela pode ser mais engessada em termos de variedade de dispositivos de rastreamentos identificados e cujas informações são lidas por seu software. Essa barreira poderia ser quebrada caso o software da companhia fosse customizado para suportar as tecnologias que optar por adotar.