No primeiro trimestre de 2022, o setor portuário brasileiro movimentou 277,6 milhões de toneladas (dados ANTAQ). Esse resultado representa uma queda de 2,2% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Vale ressaltar, entretanto, que os números de 2022 mais do que superaram o período pré-pandemia, e que 2021 havia sido o recorde histórico do segmento.
O Granel Sólido continua sendo o perfil de carga com maior representatividade no país (56%), apesar de ter apresentado uma queda de 2,3% em comparação com 2021. O Granel Líquido/Gasoso e a Carga Conteinerizada também apresentaram queda de 5,7% e 4,2%, respectivamente. Por outro lado, a Carga Geral, embora seja o perfil de carga menos movimentada, apresentou crescimento de 23% no período, tendo sido impulsionada pela alta na movimentação de Pasta de Celulose, Ferro e Aço e Semirreboque Baú.
Figura 1: Série histórica da movimentação portuária brasileiro no 1° trimestre, de 2010 a 2022, por perfil de carga
Fonte: ANTAQ. Análise: ILOS.
A atividade portuária brasileira está concentrada em 5 principais mercadorias que somam 73,3% do total, são elas: Minério de Ferro (26,9%), Petróleo e Derivados (Óleo Bruto) (16,3%), Soja (11,5%), Contêineres (11,1%) e Petróleo e Derivados (Sem Óleo Bruto) (7,5%). O Minério de Ferro apresentou uma queda de 8,9% em relação ao mesmo período de 2021, mas sua movimentação continua sendo extremamente relevante para a balança comercial do Brasil, uma vez que ela representa 40,9% de todo o volume exportado pelo transporte aquaviário. O complexo portuário de Itaqui (MA) é responsável por praticamente metade do escoamento deste produto para outros países.
No Brasil, os portos privados são os que mais movimentam produtos (65,2% da movimentação), e foram esses que mais diminuíram suas cargas (queda de 4,4% no primeiro trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período de 2021). O Terminal Marítimo de Ponta da Madeira (MA) e o Terminal Aquaviário de Angra dos Reis (RJ) foram os portos que mais apresentaram redução. Em contrapartida, os portos públicos apresentaram uma alta de 2,3%, sendo Santos (SP) e Paranaguá (PR) os principais responsáveis pelo aumento.
A navegação de Longo Curso (entre portos de diferentes países) movimentou 187,7 milhões de toneladas, queda de 2,5% em relação aos três primeiros meses do ano passado. As exportações apresentaram uma queda de 1,5%, mas continuam representando a maior parte da movimentação internacional (78,8%). O principal destino das exportações brasileiras é a China (46,7%) e os produtos mais representativos são o Minério de Ferro e a Soja. Em relação às importações, a queda foi mais acentuada, atingindo 5,9%. Os principais parceiros comerciais na importação – representando 53,4% do total – são: Estados Unidos, China, Rússia, Argentina e Colômbia; e as mercadorias mais movimentadas são os Contêineres e os Adubos (fertilizantes).
Por sua vez, a Cabotagem (navegação entre portos da costa Brasileira), movimentou um total de 50,0 milhões de toneladas e registrou uma queda de 4,3% no primeiro trimestre em comparação com igual período de 2021. A mercadoria com maior participação na Cabotagem (65,6%) foi o Petróleo e Derivados (Óleo Bruto), sendo que as principais rotas de movimentação deste produto acontecem das Zonas de Econômicas Exclusivas (Plataformas Continentais) para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Figura 2: Evolutivo da movimentação do setor portuário brasileiro 1° trimestre de 2021 e 2022 por tipo de navegação
Fonte: ANTAQ. Análise: ILOS.
Já a navegação por Vias Interiores (em rios) apresentou ligeiro crescimento de 0,5% de janeiro a março de 2022 em relação ao mesmo período do ano anterior. No total, foram movimentados 27,9 milhões de toneladas, sendo que a Soja e Bauxita representam 32,5% e 15,4% desse valor, respectivamente. A região Norte é a origem de 78,9% das movimentações e só o fluxo interno do estado do Pará representa 12,9% do total.
Dando um foco para a movimentação de Contêineres, o total movimentado nos três primeiros meses de 2021, em TEUs (Twenty Feet Equivalent Unit), foi de 2,8 milhões, que representa uma queda de 3,9% em comparação ao ano anterior. Os tipos de contêineres mais utilizados foram o Convencional (33,6%), High Cube (19,8%) e Ventilado High Cube (18,9%) e 82,0% da movimentação foi realizada por contêineres de 40’. Em relação às mercadorias transportadas no interior dos contêineres, Plásticos e Suas Obras, Produtos Químicos Orgânicos e Obras de Madeira representam 21,1% do total.
A queda dos números de movimentação de carga portuária no Brasil está muito relacionada às medidas de lockdown adotadas pela China – principal parceiro comercial brasileiro. Devido às restrições relacionadas à COVID-19 adotadas pela segunda maior economia global, muitos navios cargueiros ficaram paralisados, o que resultou em uma escalada nos preços de frete, sejam eles para importação ou exportação.
Referências:
– Estatístico Aquaviário: http://anuario.antaq.gov.br
– Perfil Brasil: Movimentação portuária cai no Brasil devido ao lockdown na China.