Por aqui, a euforia pela realização dos Jogos Olímpicos no Rio de janeiro já é grande, afinal faltam poucos dias para a abertura. A Fernanda já expôs no fim do ano passado como está estruturada a logística dos jogos do ponto de vista da organização do comitê Rio 2016, ou seja, como atletas, jornalistas credenciados, artigos esportivos, mobiliário da vila olímpica e equipamentos de transmissão serão movimentados e armazenados/hospedados na cidade durante o período olímpico e paralímpico. Mas felizmente as Olimpíadas são muito mais do que os jogos em si e o setor público também teve que reestruturar a ineficiente infraestrutura de transportes da cidade de forma a melhor atender aos visitantes do período dos jogos e também a população local.
As primeiras grandes mudanças estruturais no transporte da cidade foram os BRTs, corredores expressos de ônibus. Hoje, com exceção da TransBrasil, ainda em obras, todos os projetos já estão entregues e operando. Funcionando analogamente aos metrôs, esses ônibus param somente em estações pré-estabelecidas para embarque e desembarque de passageiros e possuem uma pista exclusiva para sua operação, de forma a não ficarem parados em engarrafamentos, o que diminui a média e a dispersão do tempo de viagem. Hoje no Rio, grandes concentrações de fluxos populacionais já estão sendo ligadas pelos BRTs, como o aeroporto do Galeão, a Barra, e grande parte da zona Oeste.
Figura 1 – Mapa dos corredores BRT no Rio de Janeiro
Fonte: Divulgação
Outra importante mudança na infraestrutura da cidade são os VLTs, os Veículos Leves sobre Trilhos. A única diferença para os BRTs é que os VLTs são locomotivas sobre trilhos mais lentas ao invés de ônibus. De resto funcionam da mesma forma: possuem pista expressa dedicada e somente param em estações pré-estabelecidas. Esse modal no entanto está sendo utilizado apenas no centro da cidade e adjacências, local de fluxo intenso de carros e pedestres, de forma a oferecer um meio alternativo de transporte a pequenas e médias distâncias locais. Entretanto, locais de grandes fluxos de movimentação estão contemplados com acesso ao VLT, como o aeroporto Santos Dumont, a Central do Brasil e a Rodoviária Novo Rio.
Figura 2 – Mapa das estações do VLT
Fonte: Divulgação
Já a obra mais cara e complexa dessa preparação para os jogos, a linha 4 do metrô, está praticamente concluída. Apesar do pequeno alcance de ligação (liga uma parte da zona sul ao início da Barra da Tijuca), essa obra é de extrema importância para o melhor fluxo entre essas regiões, uma vez que a única forma de transporte entre essas duas áreas da cidade era via modal rodoviário, em vias extremamente engarrafas durante grande parte do dia. Outra funcionalidade do metrô é a de dar maior integração entre dois pólos econômicos da cidade através da rede metroviária, o Centro e a Barra, que se por um lado não estão localizados geograficamente tão distantes entre eles, por outro, o tempo de deslocamento de um para o outro sempre foi extremamente elevado.
Figura 3 – Mapa das da linha 4 do metrô
Fonte: Divulgação
Vale ressaltar, no entanto, que especialistas criticam o formato linear da estrutura metroviária da cidade. A linha 4 passa a ser apenas uma continuidade da linha 1, não havendo cruzamentos e integrações paralelas como nos metrôs referências de Londres ou Paris por exemplo, o que pode gerar um fluxo exagerado e desconforto aos passageiros. Além disso, chamou atenção o custo total da obra, fechada em mais de R$20 Bi, cerca de 4 vezes mais do que o orçado.
Além dessas obras, algumas vias expressas também foram inauguradas, como o túnel Rio 450 anos e o túnel Marcelo Alencar, ambos de ligação do centro à zona portuária, e o elevado do Joá, via ampliada entre São Conrado e Barra. Esses dois túneis surgem como alternativas expressas ao congestionado trânsito do centro e adjacências e certamente diminuem o tempo de viagem de quem vai do centro à Zona Norte, Baixada Fluminense ou Niterói.
Muitos questionam a prioridade dada à essas obras, visto o caótico estado de outras áreas básicas da cidade, como saúde, educação e segurança pública. Mas certo é que toda essa reestruturação da infraestrutura de transportes da cidade será de extrema importância para uma melhor gestão de fluxos pendulares da população. Usualmente considerada como uma das piores metrópoles do país para se morar em termos de tempo médio gasto entre a residência e o trabalho, a cidade do Rio de Janeiro pode usar os Jogos Olímpicos como marco para se posicionar como referência nacional de mobilidade urbana.
E você que mora em outros lugares, quais dessas obras de infraestrutura fariam mais sentido de serem implementadas na sua cidade?
Referências
<http://www.metrolinha4.com.br/>
<http://www.brasil.gov.br/esporte/2016/05/duplicacao-do-elevado-de-joa-e-concluida-no-rio>
<http://www.rj.gov.br/web/imprensa/exibeconteudo?article-id=2349742>