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IMPACTOS DE TECNOLOGIAS EMERGENTES NAS EMPRESAS E NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Pela terceira vez, a ProMat (veja detalhes no BOX) foi realizada conjuntamente à Automate, em centro de convenções em Chicago, nos Estados Unidos. Foi uma experiência profícua para refletir sobre o papel da tecnologia no ambiente competitivo das empresas, assim como no desenvolvimento econômico em geral. Este artigo tem como objetivo discorrer sobre o atual processo de convergência de tecnologias que está viabilizando um salto de produtividade em supply chains e possibilitando a formação de networks globais direcionados pela demanda.

 

Referência para o mercado de logística

Maior feira de equipamentos e soluções tecnológicas para o setor de logística e cadeia de suprimentos das Américas, a ProMat 2013 foi realizada no período de 21 a 24 de janeiro, no McCormick Place, em Chicago, nos Estados Unidos, contando com a participação de 785 empresas expositoras e mais de 34 mil visitantes de 125 países.

Promovida pela Material Handling Industry of America (MHIA), a Promat ocupou um espaço de 300 mil m² onde foram exibidas as últimas novidades em equipamentos para embalagem, armazenagem, gerenciamento de estoque e tecnologia da informação, entre outras soluções direcionadas à cadeia logística.

Em paralelo ao evento, houve também a programação de conferências Automate 2013, que contou com exposições de empresas especializadas em automação, como a Mitsubishi Electric Automation, Kawasaki Robotics, Lincoln Electric e Schneider Packaging Equipment.

 

Pontos de interesse na visitação

A ProMat abrange amplamente os equipamentos de movimentação de materiais e sistemas de informação aplicados, tais como: as tradicionais empilhadeiras, esteiras e estanterias; passando pelos sistemas de reconhecimento de voz, picking to light, e os de semiautomação do tipo goods-to-person, em que os itens são transportados por uma combinação de transelevadores, esteiras e shuttles à estação de trabalho do separador de pedidos; até os sistemas de automação – ASRS, AGV e sistemas de manuseio unitário e–; além de sistemas de integração, planejamento e execução, tais como WMS, TMS e simulação.

A Automate concentra-se em sistemas de automação, com destaque para a robótica. Um bom exemplo é o sistema que se utiliza de robôs, que literalmente desloca estantes com produtos dentro do espaço do armazém, posicionando-as dinamicamente com base no volume, e levando-as até o local dos separadores de pedidos, que recebem instruções das quantidades por pedido. Veja o vídeo, muito interessante, dos robôs da Kiva em ação (http://www.youtube.com/watch?v=lWsMdN7HMuA), que é o coração do sistema de automação de movimentação de materiais baseado no conceito de goods-to-man picking process. A Kiva, que foi recentemente comprada pela Amazon, é uma precursora desse tipo de sistema, que propicia um aumento expressivo de produtividade. Sua concepção demonstra uma mudança radical de paradigma de projeto de um armazém.

Dentre outros equipamentos de robótica muito interessantes e inovadores, destacam-se aqueles de movimentação baseados na identificação ótica de objetos. Esses fazem parte de sistemas que determinam o objeto a ser deslocado por meio de sensores óticos, que por sua vez direcionam o equipamento de maneira precisa para, independentemente da posição espacial do objeto, retirá-lo da posição original e deslocá-lo para o destino predeterminado.

Robô de manuseio unitário

 

Imagine uma caixa cheia de peças diferentes e desarrumada. O equipamento faz uma leitura do interior da caixa, procurando o item especificado em sua memória, para então acionar o braço mecânico que irá retirar a peça desejada, seja qual for a sua posição, de maneira rápida e precisa.

O mesmo princípio foi notado em um robô-empilhadeira que “lê” a face do baú (ou carreta) de um caminhão, com caixas empilhadas, dos mais variados tamanhos, para então proceder a retirada das caixas de maneira lógica, se adequando às posições e dimensões das mesmas, sem nenhuma ação humana.

Robô acionado por identificação ótica de objetos

 

Palestra e insights

Com relação à série de palestras, destaque para o “Impacto da Robótica no Crescimento da Economia”, proferida pelo professor Henrik Christensen, da Georgia Institute of Technology, nos Estados Unidos. Foi muito instigante ao demonstrar que o surgimento de uma nova “onda” de robôs e automação está revolucionando os processos industriais e de distribuição física, conforme acima exemplificado.

Henrik Christensen, da Georgia Tech, apontou o surgimento de uma nova “onda” de robôs

 

Ele ressaltou que estamos em um processo de convergência e integração tecnológica que está sendo viabilizado pelo estágio atual de maturação de vários tipos de tecnologias de comunicação e informação introduzidas nas últimas décadas. Dentre as tecnologias em diferentes estágios de maturidade, podemos destacar: sistemas avançados de planejamento; RFID; GPS; Web EDI; código de barras 2D; identificação ótica de objetos; smart technology; comunicação entre máquinas; Big Data & Analytics Capabilities – relacionado à capacidade analítica de um volume extraordinário de dados para data mining e business intelligence; e processamento/armazenamento na nuvem, tecnologia baseada na comunicação wireless e via internet, incluindo o SaaS – software como serviço, da sigla em inglês. Isso sem contar os sistemas já bem difundidos que estão em constante evolução, como os ERP, TMS, WMS, gestão de estoque e de otimização e simulação.

Robô para montagem de paletes na operação de carregamento de carretas

 

É um cenário em que a produtividade está sendo elevada a patamares superiores aos atuais, com base em sistemas integrados mais ágeis, flexíveis, velozes, precisos, com in process inspection, de alta densidade e rápido set-up, que deverá chegar ao ponto de viabilizar um ambiente que Christensen chama de industrial internet, no qual se vislumbra uma infraestrutura conectada, sem fiação! Esse novo ambiente produtivo minimizará ainda mais o tradicional imperativo fordiano da “economia de escala”, ao dar maior ênfase ao potencial de “economia de escopo” em uma planta de manufatura, tornando-a economicamente viável ao configurá-la a fazer menores quantidades de maior variedade de produtos. É a customização em massa tornando-se possível em uma ampla gama de indústrias.

Do ponto de vista do supply chain, a convergência tecnológica implica num potencial de benefícios ao propiciar um melhor e mais intenso compartilhamento de informação entre parceiros (ex.: informação de pontos de vendas (POS) e ASNs – aviso antecipado de expedição) e uma maior visibilidade dos fluxos físicos, da capacidade do sistema, possibilitando a gestão efetiva de eventos. Esses benefícios se traduzem na redução nos estoques e transportes, bem como no aumento do nível de serviço ao cliente, e no consequente aumento de market share e lucratividade.

 

Reflexão

Via de regra, as montadoras automotivas já vêm há muito tempo experimentando um aumento de complexidade na produção, por conta de crescentes variantes de modelos, associadas à redução de tempo de ciclo de vida e maiores pressões para rápidos lançamentos no mercado. São inovações tecnológicas e de processos que têm possibilitado uma transformação nas estratégias de manufatura adotadas por corporações globais – de uma produção “empurrada”, calcada em economia de escala, para uma produção “puxada”, baseada em economia de escopo.

Esse novo ambiente tecnológico está por viabilizar, muito além da maior visibilidade, uma capacidade de resposta mais efetiva aos requisitos de segmentos de clientes, ao dar conta da volatilidade e rupturas de suprimentos ao longo do supply chain, a partir da formação de networks globais alicerçados em processos operacionais e decisórios integrados end-to-end.

Espera-se que, futuramente, a tecnologia dissemine o rastreamento de eventos a montante do primeiro nível de fornecedores, aliado ao monitoramento de indicadores de desempenho em tempo real, e possibilite a otimização dinâmica da cadeia de suprimentos. Imagine o impacto nos negócios ao chegarmos ao ponto de poder avaliar o custo total de servir segmentos específicos de clientes de maneira precisa e dinâmica, a partir de uma capacidade analítica turbinada por tecnologia da informação, suportando decisões com base no what if.

Atualmente, essa nova onda de produtividade, baseada em tecnologias emergentes, já está sendo sentida positivamente em termos de competitividade da indústria norte-americana, como um dos drivers do processo de near shoring – fenômeno de retorno da manufatura para perto dos mercados consumidores em países do ocidente, em particular de produtos de alto valor agregado. Como exemplo, a Apple anunciou recentemente investimentos de US$ 100 milhões na instalação de uma nova fábrica nos Estados Unidos, visando a uma estratégia de mitigação de riscos em suprimentos globais.

Nesse sentido, estamos observando uma reconfiguração de networks globais, muito influenciada pela adoção de estratégias corporativas de mitigação de riscos (ex.: rupturas de suprimentos globais por razões naturais e geopolíticas), fazendo as empresas adotarem redundâncias e contingências em suas redes globais de produção e distribuição. A visão é a construção de integração end-to-end do supply chain. Atualmente, é lugar-comum ler sobre corporações que estão diminuindo sua dependência do fator China, por conta do ambiente de incertezas.

Essa tendência de reconfiguração de cadeias globais está dando força ao já conhecido conceito de “glocalization”, que é a combinação dos termos “globalização” e “localização”, usado para descrever um produto ou serviço que é desenvolvido, produzido e distribuído globalmente, mas que é customizado localmente para atender o mercado de destino, incluindo requisitos específicos, tais como aqueles referentes à legislação ambiental, tributária, sanitária, de conteúdo nacional, bem como à diversidade das preferências dos consumidores locais.

O ambiente competitivo global tem suas raízes básicas em pressões que visam a custos decrescentes na produção e distribuição de produtos, e melhores serviços para atender às crescentes exigências dos consumidores por maior variedade, velocidade e confiabilidade, considerando a diversidade local. Para tal, as corporações capacitadas para se manterem relevantes no mercado tendem a localizar suas plantas de manufatura cada vez mais perto do mercado consumidor, levando-as ao desenvolvimento de fornecedores estratégicos e PSLs locais.

Em estudo recente realizado pela Associação Alemã de Logística (BVL, da sigla em alemão), essas corporações estão sendo compelidas ao desenvolvimento de supply chains eficientes, resilientes e crescentemente puxados pela demanda, por meio da orquestração de sua rede global. A confiabilidade dessas cadeias de suprimentos é sustentada por estratégias de mitigação de riscos e pela capacitação na gestão de networks globais complexos. Para tal, está sendo incorporado um arsenal tecnológico e de processos de planejamento e execução, estruturados e integrados, buscando níveis crescentes de produtividade e de sincronia ao longo da cadeia global, com vista ao atendimento local, da demanda final.

Vale a máxima do nosso saudoso guru em gestão de supply chain, Don Bowersox: “A ideia fundamental é manter-se relevante no mercado, fazendo mais com menos, até que se possa fazer tudo com nada!”. E a tecnologia tem papel fundamental nessa jornada de transformação dos negócios.

 

Conclusão

É nesse contexto que surge a oportunidade de internacionalização para empresas brasileiras, ao considerar sua inserção em networks globais, visando ao alinhamento ao contexto competitivo mundial e ao desenvolvimento de novos mercados. É de fundamental importância estar atento e preparado às inovações tecnológicas e de modelo de negócios que podem ameaçar a competitividade e até a sobrevivência da empresa. Por exemplo, a recente entrada da Amazon no Brasil certamente implicará num choque de competitividade no setor de vendas on-line do país.

Nesse sentido, é comum entre empresas líderes, norte-americanas e europeias, desenvolver alianças estratégicas com centros de excelência (incluindo universidades), além de participar em missões técnicas internacionais, trade shows (como a ProMat e a Automate) e associações internacionais renomadas, como o CSCMP/EUA e a BVL/Alemanha. O foco é buscar a atualização ampla e permanente em termos tecnológicos, assim como sobre tendências, estratégias e abordagens de gestão no supply chain e, assim, manter seus executivos preparados para uma competição cada vez mais globalizada e acirrada!

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