No acumulado do ano, a média do preço do diesel já subiu de R$ 2,76 para R$ 3,07, ou seja, mais de 11% e segue em movimento de alta. No início de 2015, o dissídio dos motoristas subiu na mesma faixa dos anos anteriores, isto é, na casa dos 8%. Não é nem preciso falar dos demais itens de custos, que embora menos relevantes para o transporte rodoviário, também acompanharam a inflação. No entanto, a maior mudança no cenário do transporte rodoviário de carga no Brasil foi mesmo a queda de cerca de 3,3% na demanda deste ano, depois de sucessivas altas, o que está derrubando o resultado das transportadoras.
A queda da demanda sugere retração de preços de frete, mas como o custo aumentou significativamente, a conta não fecha. Assim, os executivos que contratam transporte caminham sobre o “fio da navalha”, pois de um lado sofrem pressões internas para não aceitarem o repasse, ou quando muito aceitá-lo parcialmente, mas por outro temem a quebra ou paralisação das transportadoras. Já as transportadoras buscam minimizar os prejuízos ou, na melhor das hipóteses, zerar a conta. Toda a cadeia é afetada e a demanda por novos caminhões já amarga retração de 45% este ano e a participação do número de autônomos agregados deve aumentar ainda mais.
O grande desafio das empresas neste momento é continuar buscando o aumento de eficiência operacional, como forma de reduzir seus custos, e não cair na tentação de se valer apenas do aumento de seu poder de barganha, resultante da queda de demanda, para baratear o preço de frete. O resultado “fácil” e “rápido” pode andar bem próximo das práticas abusivas, seja de peso ou tempo de viagem, resultando na quebra de empresas e nos passivos trabalhistas, os quais todos nós já conhecemos.