HomePublicaçõesInsightsComplexidades na cadeia logística climatizada – Parte 1: Transporte

Complexidades na cadeia logística climatizada – Parte 1: Transporte


A cadeia logística climatizada, também chamada de cold chain, constitui-se como a cadeia logística de produtos os quais necessitam de controle de temperatura durante seu transporte e armazenagem. Quando ouvimos o termo cold chain, pensamos somente em alimentos como carnes e sorvetes, porém a lista de produtos que permeiam por esta cadeia é extensa, com exemplos como: frutas e verduras, doces finos, queijos, vinhos, plantas e flores, vacinas, remédios, cosméticos e, até mesmo, filmes e peças de arte. São produtos que muitas vezes não precisam ser transportados a temperaturas negativas, mas necessitam de um restrito controle de temperatura.

As complexidades nesta cadeia logística são das mais diversas, desde a fabricação até o ponto de venda. Com relação ao transporte, seja de transferência entre instalações ou de distribuição, o custo elevado de contratação, por conta dos refrigeradores, é o que mais chama a atenção. No entanto, os desafios vão além disso, conforme listo abaixo.

  1. Sobre a contratação: o transporte com controle de temperatura possui menor quantidade de players disponíveis entre os prestadores de serviço de transporte de carga. O alto custo dos implementos, as maiores regulamentações governamentais e a necessidade de tecnologia para controle contínuo da temperatura são fatores que dificultam o aumento da oferta deste tipo de transporte. É comum que transportadores negociem garantia de volume de carga com seus clientes para que então façam investimentos neste segmento. Vale ressaltar que, em momentos de pico como grandes feriados nacionais, a contratação de transporte torna-se ainda mais desafiadora.
  2. Sobre o controle de temperatura: A vasta gama de produtos transportados em veículos climatizados traz para a cadeia o desafio do intervalo ideal de temperatura. Há itens que devem ser mantidos entre 0ºC e 3ºC, como algumas frutas, enquanto para alguns chocolates deseja-se manter entre 12ºC e 14ºC. Para cada item, há uma definição de temperatura, que precisa ser garantida pelo transportador. Além da exatidão necessária, é essencial que haja um monitoramento térmico durante todo o trajeto. Ainda, muitas vezes o embarcador solicita um tracking durante todo o percurso, permitindo o acompanhamento em tempo real com alertas caso a temperatura saia do intervalo desejado.
  3. Sobre a transição entre modais: conforme dito acima, o controle de temperatura durante todo o percurso de transporte é uma necessidade nesta cadeia. Isto se estende, inclusive, para o transporte aéreo e marítimo e para a transição entre os modais. Este fato torna complexa a decisão pelo uso de multi-modal, buscando custos reduzidos ou tempos de transporte mais rápidos. A escolha pelo uso de containers, que precisam ser mantidos refrigerados 100% do tempo, inclusive nas esperas em terminais de carga, eleva os custos e dificulta a operação.
  4. Sobre o Last Mile: se encontramos dificuldade na manutenção térmica em aviões e navios, que dirá nos veículos utilizados para a distribuição. Em centros urbanos, o last mile muitas vezes é executado por motos ou veículos utilitários, ainda mais frequente com o crescimento do e-commerce. Para a cadeia logística climatizada, este se torna mais um desafio, pois o controle de temperatura exige equipamentos de refrigeração ou embalagens com alta capacidade de isolamento térmico, mantendo a qualidade dos produtos até seu destino.
  5. Sobre a operação: é inevitável que os itens mencionados acima causem pressão na operação desta cadeia. Na busca por redução do custo, a alta produtividade torna-se ainda mais essencial. Quanto maior o giro dos veículos, menor será o custo por unidade transportada. Assim, tempos operacionais de carga e descarga tornam-se ainda mais relevantes, assim como rotas muito bem planejadas. Outro fator relevante no custo por unidade é a ocupação dos veículos, que muitas vezes já é reduzida pelos equipamentos de refrigeração.

Fica claro que as empresas que se dispõem a trabalhar com produtos climatizados encontram diversos desafios a fim de manter a qualidade de seus produtos. E veja que neste post abordei apenas os impactos do controle da temperatura no transporte! Voltarei outro dia para trazer para a discussão as complexidades na armazenagem desta cadeia logística. Encontro vocês em breve.

 

Referências:

– Sumit Varma – LinkedIn Pulse (13/07/2022): Cold Chain Logistics Complexities and Possible solutions

– Food Logistics (13/07/2018): Mastering the Complexities of the Cold Chain

– Logistics Brew: What is Cold Storage & How Does Cold Storage Work?

– Jetcar: Transport à chaud, livraison rapide

– Cargo Connect (17/02/2020): Managing complexity within the Food Supply Chain

– Totvs (14/10/2021): Cold Chain: entenda o que representa para o setor de logística

Faz parte da Equipe ILOS desde 2018, trabalhando em projetos com foco em Logística e Supply Chain. Suas experiências englobam grandes players da indústria de cimento, de polímeros e de bens de consumo, além de empresas do varejo. Tipos de projetos realizados no ILOS: Gestão de transporte, estratégia de contratação de transportes, assessoria sobre impactos do tabelamento de pisos mínimos de frete, dimensionamento de frota, mapeamento e otimização de processos, redução dos índices de devolução.

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