26 de junho de 2016. Após mais de um século depois de revolucionar o comércio internacional, o Canal do Panamá irá novamente afetar drasticamente a logística de muitas empresas. E para melhor! Tudo isso porque no final do mês será inaugurada o terceiro conjunto de eclusas e canais de navegação mais profundos, capazes de dobrar a capacidade do canal e triplicar o tamanho dos navios que o cruzam.
Não sabe como funciona o sistema de eclusas do canal? Confira no vídeo a seguir.
Vídeo 1 – Funcionamento do Canal do Panamá
Fonte: Info Animado
O canal foi criado para conectar os oceanos Atlântico e Pacífico, reduzindo em cerca de 11 dias o trajeto de navios que precisavam contornar o extremo sul do continente americano para navegar da costa oeste para a costa leste dos Estados Unidos, por exemplo. Se antes era preciso navegar por mais de 20.000 km, com a construção do canal de 82 km de extensão, passou a ser necessário cerca de 10 horas para cruzar os dois oceanos.
Foto 1 – Possíveis rotas entre São Francisco e Nova York
Fonte: aquafluxus
Iniciada em 1881 pelos franceses, a primeira tentativa de construção do canal fracassou em 1889 por conta de problemas de engenharia e epidemias de doenças como malária e febre amarela. Em 1904 os EUA adquiriram os direitos de construção e, dez anos depois, foi inaugurado o Canal do Panamá. O canal ficou sobre o domínio dos Estados Unidos até 1999, quando enfim passou para o controle do governo do Panamá.
O atual canal recebe navios com até 294 metros de comprimento, 32 metros de largura e 12 metros de calado (embarcações que possuem as dimensões capazes de atravessar as eclusas do Canal do Panamá são conhecidas como Panamax). A partir dos anos 90, com o aumento da globalização e intensificação do comércio internacional, começaram a surgir navios maiores, incapazes de atravessar o canal (em 2011, 37% da frota mundial de cargueiros não podia trafegar por ali). Visando a manutenção da competitividade do Canal do Panamá, em 2007 foram iniciadas as obras de ampliação, com custo estimado em mais de US$ 5 bilhões. A partir do final de junho, navios post-Panamax, com capacidade de transportar até 13.000 contêineres terão a oportunidade de cruzar o canal. Desta maneira, cerca de 95% da frota mundial de navios poderá passar pelo novo Canal do Panamá.
Foto 2 – Comparação entre navios Panamax e post-Panamax
Fonte: Adaptado de Estadão
A expansão do canal deverá afetar várias cadeias de fornecimentos. Boa parte das cargas que hoje chegam à costa oeste dos EUA e seguem por trem e caminhão para o leste deverá atravessar o novo conjunto de eclusas, o que fez com que portos como o de Miami, Nova York e Baltimore também investissem na expansão de sua infraestrutura para receber supercargueiros. O mercado de gás natural liquefeito (GNL) deverá ser um dos principais afetados pela expansão. O GNL americano tem um enorme mercado potencial em economias atualmente dependentes de carvão e petróleo para produzir energia, como Japão e Índia, que com ele poderão reduzir suas emissões de gás carbônico. Atualmente, apenas 6% dos navios-tanque de GNL podem passar pelo Canal do Panamá, número que crescerá para 90% após a inauguração da expansão.
O canal, que responde por cerca de 6% do comércio mundial total e gera US$ 1,8 bilhão por ano só em pedágios para o Panamá (cerca de 26% de seu PIB), contém inovações que tornam o processo mais fácil, barato e favorável ao meio ambiente. Requisitos fundamentais para se manter relevante nos tempos atuais.
Referências
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/americacentral/panama-canal.shtml>
<http://www.megacurioso.com.br/mega-estruturas/45273-15-curiosidades-sobre-o-canal-do-panama.htm>
<http://www.estadao.com.br/infograficos/canal-que-mudou-panama-faz-100-anos,internacional,343235>