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Parceria com Fornecedores: o Caso Intel

No mês passado, tive a oportunidade de participar da Missão Logística nos EUA e conheci diferentes operações, iniciativas e boas práticas de gestão da cadeia de suprimentos. Uma prática que me chamou a atenção foi a relação diferenciada com alguns fornecedores implementada pela Intel, chamada por ela de Flex Mode.

Para a Intel, um supply chain bem-sucedido é formado por boas parcerias. Mesmo que consiga fazer algo sozinho, sua cadeia será mais capaz de se adaptar rapidamente se tiver parcerias estabelecidas. E agilidade é um dos fatores mais importantes para a empresa, dado que cada ciclo de desenvolvimento de novas tecnologias dura de 1,5 a 2 anos.

Os desafios do supply chain da Intel são muitos: longos lead times de fornecimento, produtos com ciclo de vida curtos e demanda imprevisível. Por causa dessas discrepâncias entre as velocidades dos fluxos de fornecimento e de demanda, planejar os recursos necessários com precisão, anos antes da demanda acontecer, é desafiador.

Quando fazemos uma previsão de demanda, a única certeza que temos é que iremos errar. Podemos errar para cima e a demanda real ser menor que a previsão. Se fizermos aquisições dos fornecedores para cobrir essa previsão, corremos o risco de ter excesso de produto. O contrário também é possível, prever menos que a demanda real, e, nesse caso, o pedido ao fornecedor não é suficiente e teremos a perda de vendas. A Figura1 ilustra o caso da Intel e destaca os riscos financeiros de cada cenário.

  

Figuras 1 : Custos da Falta (previsão subestimada) e do Excesso (previsão superestimada) do Caso Intel

Fonte: Intel, 2019

 

Para lidar com esse complexo contexto, a Intel implementou a iniciativa de Flex Mode com os seus 13 fornecedores de um produto estratégico. O Flex Mode consiste em fazer um pedido firme com o fornecedor que cubra a previsão mínima de demanda da Intel e fazer um pedido por opção para cobrir o que falta até a previsão máxima de demanda. Esse pedido por opção é uma solicitação de produção extra que poderá ou não ser adquirida pela Intel, dependendo da demanda que se realizará no futuro. Se a demanda não acontecer, a Intel paga um % do preço do produto para o fornecedor e deixa o fornecedor livre para vender o produto para outro cliente.  A Figura 2 ilustra essa iniciativa.

 

Figuras 2 : Ilustração da forma de aquisição Flex Mode da Intel

Fonte: Intel, 2019

Os benefícios dessa parceria são inúmeros para os fornecedores. Ela ameniza, por exemplo, o efeito chicote ao reduzir as incertezas do Supply Chain (a redução de lead times viabilizou a melhor acuracidade de previsão da Intel). A colaboração também reduziu desperdícios ao eliminar etapas redundantes ou tempos mortos entre os fornecedores e a Intel.

Para a Intel, os benefícios mais diretos do Flex Mode foram redução de custos no patamar de 125 milhões de dólares e ajudou a capturar 2,2 bilhões de dólares em aumento de receita.

Como comentei no meu último post, a colaboração é uma das formas de lidar com a maior complexidade no supply chain. A Intel percebeu isso há anos e possui uma série de iniciativas nesse sentido, não é à toa que ela é uma referência em diversos aspectos do supply chain management como segurança, agilidade, flexibilidade e automação.

 

Fontes:

Missão Internacional Estados Unidos

Três formas de lidar com a maior complexidade no supply chain

 

https://ilos.com.br

Sócia Gerente do ILOS, mestre em Administração pelo COPPEAD/UFRJ com extensão na European Business School – EBS, Alemanha e Administradora de Empresas pela UFRJ. Mais de 10 anos de experiência em projetos de capacitação e consultoria, com foco em Logística e Supply Chain. Na área de capacitação, desenvolveu jogos de empresas e cursos online e hoje ministra aulas de Análise de Dados, Gestão de Estoques, Gestão de Armazenagem além de aplicar jogos empresariais como Beer Game em programas abertos e in company em empresas de diversos segmentos, como Coca-Cola, Nestlé, ThyssenKrupp, Votorantim, Carrefour, Mallinkrodt, Souza Cruz, Via Varejo, Monsanto, Itaú, Renner, Ipiranga, entre outras. Em consultoria, realizou projetos como Redefinição de Rede Logística, Gestão de Estoques, Estruturação de Processo de S&OP e Diagnóstico das Operações de Armazenagem e Transportes em empresas como Coca-Cola, Souza Cruz, Editora Moderna, Petrobras, Ducoco, Ultragaz, Silimed, Eudora entre outras.

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