O mercado de navegação doméstica (cabotagem) cresceu 27% no primeiro trimestre do ano na comparação com o mesmo intervalo de 2013, chegando a 165 mil Teus (contêiner de 20 pés). Os dados foram compilados pelo armador Mercosul Line, do grupo Maersk, a partir de levantamento feito pela consultoria de comércio marítimo Datamar.
A Mercosul, terceira do setor, atrás da Aliança e Log-In, respectivamente, cresceu acima do mercado. Fechou o período janeiro-março com alta de 30% sobre a mesma base de 2013, transportando pouco mais de 30 mil Teus no período.
O principal executivo do armador, Roberto Rodrigues, diz que a alta foi muito apoiada na compra de eletroeletrônicos para a Copa do Mundo. Fabricados na Zona Franca, em Manaus, eles usam os navios rumo ao Sul e Sudeste.
Historicamente a cabotagem tem crescido a dois dígitos. “Parte disso vem da Lei do Motorista, que aumentou os custos rodoviários. Tanto que na pernada de subida (Sul-Norte), que não tem tanto impacto da Copa, temos visto crescimento de dois dígitos”, diz Rodrigues.
A estimativa é que o ritmo de crescimento diminua no meio do ano, justamente devido às compras já feitas para a Copa, mantendo-se estável no segundo semestre. A expectativa é que o transporte marítimo doméstico cresça 16% neste ano, chegando a quase 650 mil Teus. Rodrigues afirma que a Mercosul irá crescer em linha com o mercado. Hoje, o armador tem três navios na frota e responde por cerca de 23% dos volumes movimentados na cabotagem. Um dos diferenciais da Mercosul é estar ligada a um grupo de navegação internacional, a Maersk Line, o que permite uma sinergia entre cabotagem e o serviço “feeder”, que são as cargas de longo curso (internacionais) transferidas para um porto nacional. O mesmo vale para a Aliança, ligada ao armador alemão Hamburg Süd.
Em relação aos custos de operação, Rodrigues diz que a grande expectativa da navegação era que a reforma portuária baixasse os preços de praticagem, o serviço obrigatório de manobra dos navios para entrar e sair do porto. Segundo ele, o serviço representa de 60% a 70% dos custos do armador em uma atracação. O governo tentou fixar um teto por manobra, mas a questão está judicializada. Os práticos dizem que se trata de livre negociação entre eles e os armadores. “Não se chegou a lugar algum”.
Fonte: Valor Econômico
Por Fernanda Pires