Fonte: Valor Econômico
O governo tem conhecimento de que os leilões de rodovias, assim como os de aeroportos, foram os únicos que realmente atraíram o interesse da iniciativa privada. Os de ferrovias e os de terminais portuários, finalmente, parecem avançar, mas ainda causam várias dúvidas e receios. Os de mobilidade urbana dependem de governos estaduais e municipais e são ainda mais morosos. Portanto, se o objetivo é fazer deslanchar investimentos em infraestrutura em um prazo relativamente curto, o melhor caminho parece ser atrair mais licitações em rodovias e aeroportos.
As licitações travadas em outros setores fez o governo, que chegou a preparar mais um grande pacote de licitações multimodal – tal como o primeiro programa, lançado em 2012 com pompa e circunstância -, anunciar em 31 de janeiro, repentinamente, um pacote bem mais humilde, somente de rodovias. As hidrovias, por exemplo, que chegaram a ser mencionadas em entrevista pela então ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, até agora não estão entre os alvos das concessões.
Agora, o governo parece preferir direcionar as apostas ao que está dando certo. As novas concessões em rodovias, anunciadas há pouco mais de 15 dias em Brasília pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro dos Transportes, César Borges, contemplam cinco trechos.
Um deles é o da Ponte Rio-Niterói, cujo contrato vigente com a CCR se encerra em 2015. Outro se refere a mais um trecho da BR-163 entre o Mato Grosso e o Pará. Um terceiro lote inclui trechos da BR-364 e da BR-060 que ligam Rondonópolis (MT) a Goiânia (GO). Também foi incluída no pacote a BR-364, que liga Jataí (GO) ao Estado de Minas Gerais. E, por último, a BR-476, conectada com as BRs 153, 282, 480, passando pelos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 25 empresas já manifestaram interesse em estudar os trechos.
Segundo o ministro dos Transportes, as cinco concessões vão viabilizar a duplicação de 2.282 km de rodovias e têm investimento previsto de R$ 17,8 bilhões.
Em aeroportos – outro setor de grande interesse da iniciativa privada – não há sinalização do governo para mais grandes concessões no curto prazo. O que resta para o Planalto é gerar investimentos por outro modelo, por meio do plano de aviação regional. Nesse caso, o poder público investirá R$ 7,3 bilhões em 270 aeroportos fora de capitais. A intenção foi anunciada no mesmo dia da divulgação das licitações de Galeão (RJ) e Confins (MG), que já foram licitados, mas está custando a sair do papel.