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Estoque rouba a cena nos custos logísticos do Brasil em 2023

Artigo por Mauricio Lima e Alexandre Lobo

Em outubro/24 aconteceu a 30ª edição do Fórum Internacional Supply Chain, e lá tivemos a oportunidade de, mais uma vez, apresentar o panorama recente dos custos logísticos no Brasil. Na abertura da sessão, abordamos o cenário de 2023, quando os gastos com logística no país representaram 18,4% do PIB do país, o maior número já registrado desde o início do estudo, em 2004.

Gráfico 1 – Custos Logísticos no Brasil em relação ao PIB – Fonte: ILOS – 2024

Como podemos ver no gráfico acima, o grande vilão dos custos logísticos brasileiros em 2023 foram os gastos com estoque, seguindo uma tendência de crescimento que já vinha se apresentando no ano anterior. Entre 2021 e 2023, os custos de estoque saíram de 3,2% do PIB para 7,0%, enquanto transportes até cedeu um pouco, saindo de 9,5% do PIB para 9,3%.

E o que levou a esse crescimento substancial nos gastos com estoque? 

Na análise dos custos de estoque, dois fatores são levados em consideração: a taxa de juros e o volume do estoque imobilizado. Em 2023, a taxa de juros média brasileira se manteve em um patamar bastante alto, mas ainda foi um pouco menor do que em 2022. Ou seja, o que mudou consideravelmente entre 2022 e 2023 foi o volume do estoque imobilizado.

 

Gráfico 2 – Taxa de juros Selic x Relação do Estoque Imobilizado com o PIB – Fonte: ILOS, com dados do IBGE e Bacen – 2024

O gráfico acima mostra bem o que houve com o estoque imobilizado em 2023. Este saiu de cerca de 18% do PIB em 2022 para 25% do PIB em 2023, muito superior ao registrado entre 2004 e 2021, quando ficou entre 11% e em torno de 16%.

Ao longo do evento tivemos a oportunidade de conversar com diversos executivos de grandes empresas brasileiras, e a discussão foi: esse aumento do estoque imobilizado foi proposital ou acidental? A conclusão é de que foi algo híbrido. Por conta de uma incerteza muito grande em relação ao transporte internacional, entre 2022 e 2023, as empresas se viram obrigadas a aumentar muito a sua posição de estoque, tanto de produto acabado quanto de matéria-prima.

Conclusão: 25% do PIB com estoque imobilizado a uma taxa média Selic alta levou a um custo de estoques de 7% do PIB, o maior até hoje no Brasil. Isso somado aos tradicionais altos gastos com transportes no país levaram a um custo logístico total superior a 18% do PIB brasileiro, algo até então difícil de imaginar.

Sobre os gastos com o transporte, bom, já fizemos uma pequena introdução de que eles ficaram relativamente estáveis em 2023. Mais detalhes vamos trazer em um próximo post. Fique ligado!

 

https://ilos.com.br

Maurício Lima é Sócio-Diretor do ILOS. Tem experiência como professor e consultor nas áreas de planejamento de demanda e de estoques, Operações de transporte, Logística e Supply Chain Management em grandes empresas. Desenvolve periodicamente pesquisas de Custos Logísticos no Brasil e tem diversos artigos publicados em periódicos e em revistas especializadas. É também um dos autores dos livros: “Logística Empresarial: A Perspectiva Brasileira” e “Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos”.

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