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A logística e o supply chain nos próximos 30 anos

 

Artigo por Fernanda Monteiro,  Leonardo Julianelli

Durante o 30º Fórum Internacional de Logística e Supply Chain, o sócio-executivo do ILOS Leonardo Julianelli encerrou o primeiro do dia do evento trazendo os resultados de um estudo feito por nós sobre o histórico do supply chain no Brasil nos últimos 30 anos e suas perspectivas para as próximas 3 décadas, que aproveito para trazer aqui os principais insights.

Nos próximos 30 anos, a logística e o supply chain terão que enfrentar desafios sem precedentes e que vão transformar profundamente o setor. Assim como as últimas três décadas foram marcadas pela integração das funções logísticas e pela busca por eficiência, o futuro exigirá uma visão mais conectada e centrada no cliente, com respostas ágeis, sustentáveis e adaptadas a novos padrões de consumo e demandas ambientais.

Um mundo de conflitos e nova geopolítica: repensando a localização da produção

A instabilidade geopolítica atual, com tensões crescentes entre grandes potências, pode trazer uma nova configuração das cadeias globais. Conflitos escalonados e o ressurgimento de divisões globais podem gerar uma espécie de nova “cortina de ferro”, fragmentando o mercado internacional. Países que antes centralizavam a produção agora repensam suas estratégias, visando diluir riscos com operações mais fragmentadas e próximas dos seus mercados principais e em países com boa relação política, tendências conhecidas como “nearshoring” e “friendshoring”. Empresas no Brasil devem se preparar para um novo fluxo de comércio, antecipando possibilidades de tornar-se um elo alternativo ou complementar a essas novas rotas globais. Para isso, no entanto, é necessário melhoria da infraestrutura logística nacional.

Escassez de mão de obra e transformação dos modelos de trabalho

Com uma pirâmide etária envelhecendo, há uma diminuição da disponibilidade de profissionais para atuar em funções logísticas tradicionais, como motoristas e operadores de carga. Essa tendência aponta para a necessidade de criar modelos de atração e retenção de pessoas, tornando a logística uma carreira mais atraente para as gerações mais jovens, o que inclui repensar o modelo de trabalho, com salários, benefícios e oportunidades de carreira competitivas. Em paralelo, o aumento de veículos autônomos e outras inovações tecnológicas poderão ser uma saída para essa escassez, mas exigem investimentos, infraestrutura e regulamentação adequados.

Inteligência artificial (IA), tecnologia quântica e autonomia na tomada de decisões

Com a IA e a automação avançando, a logística pode alcançar níveis inéditos de orquestração e eficiência. A capacidade de captar e processar informações em tempo real para decisões autônomas será um diferencial competitivo. Entretanto, as tecnologias de IA de hoje ainda consomem muita energia e enfrentam limitações computacionais. No horizonte mais distante, a computação quântica e a computação neuromórfica podem resolver essas questões, viabilizando IA com capacidade cognitiva próxima à humana. Contudo, a aplicação em escala ainda depende de avanços tecnológicos e controle sobre as condições ambientais de operação.

Para que essa integração ocorra, será essencial desenvolver uma infraestrutura de dados capaz de proteger e, ao mesmo tempo, permitir o compartilhamento seguro e ágil de informações entre parceiros da cadeia, o que torna a cibersegurança um elemento estratégico de vital importância para o supply chain do futuro.

A crise climática e o imperativo da descarbonização

O aquecimento global já não é uma possibilidade futura, mas uma realidade que pressiona diretamente as operações logísticas, especialmente as cadeias de suprimentos agrícolas e as que dependem de recursos naturais sensíveis ao clima. Além de haver uma demanda crescente por energia, o setor enfrenta desafios para realizar uma transição urgente para matrizes energéticas sustentáveis e minimizar as emissões de carbono. No curto prazo, o desafio passa por criar infraestrutura, parcerias e políticas que alinhem a logística e transporte a padrões de baixo carbono. No longo prazo, isso implica em transformar radicalmente a matriz energética e investir em tecnologias que não demandem a queima de combustíveis fósseis. 

O novo papel dos operadores logísticos e a capilaridade do e-commerce

O e-commerce está longe de ter esgotado seu potencial de crescimento, e a diversificação de portfólio e a fragmentação dos pedidos vão demandar mais centros de distribuição e fulfillment, novas rotas e maior capilaridade dos serviços logísticos. Nesse contexto, a evolução do papel do operador logístico se tornará crucial, oferecendo entregas mais rápidas e serviços agregados, substituindo parcialmente os distribuidores tradicionais e chegando até o consumidor final. 

Investimentos e estratégias para o futuro do supply chain

Olhar para o futuro da logística no Brasil passa por preparar-se hoje com as decisões certas e criar um ambiente adaptável às rápidas mudanças do mercado global. Investimentos em infraestrutura, tecnologia, parcerias e novas habilidades serão decisivos. Teremos que construir uma logística que não apenas atenda às necessidades do mercado, mas que ajude a definir os padrões da indústria para um mundo mais complexo, conectado e orientado para o cliente.

Os próximos 30 anos serão marcados pela capacidade de adaptação às demandas ambientais e tecnológicas e pelas escolhas que empresas e governos fizerem hoje para criar uma logística resiliente, ágil e sustentável. Como grandes insights, podemos destacar:

  • Adaptar-se ao novo é uma necessidade contínua, especialmente em um cenário de incertezas crescentes, onde estar bem-preparado se torna essencial para o sucesso. 
  • O presente é o momento ideal para decisões e posicionamentos que moldarão o futuro, exigindo escolhas estratégicas. 
  • Embora as habilidades demandadas mudem, o papel do ser humano permanece indispensável, destacando a importância da inteligência e do julgamento humano na cadeia de suprimentos. 
  • Para que elos intermediários continuem sendo essenciais, é vital que agreguem inteligência aos seus serviços, transformando-se para atender às novas exigências de um mercado cada vez mais complexo e dinâmico.

Referências

  • Palestra “LOGÍSTICA 30+30: HISTÓRICO E PERSPECTIVAS DO SUPPLY CHAIN NO BRASIL”, apresentada por Leonardo Julianelli no Fórum Internacional de Supply Chain, dia 15/10/2024

 

Mais de 11 anos de experiência em projetos de capacitação e consultoria, com foco em Logística e Supply Chain. Em consultoria, realizou projetos como Plano Transformacional de Logística, Diagnóstico das operações logísticas, Estratégia e Calendarização da Operação de Transporte, Mensuração do Custo de Servir, Estudo de Mercado, Mapeamento de Oportunidades de Redução de Inventário, Revisão do Processo de S&OP, Plano de Capacitação e Implementação de Processos Comerciais em empresas como Nestlé, Raia Drogasil, Ipiranga, Lojas Americanas, B2W, Coca-Cola, Andina, Embraco, Martins Atacado, Loja do Mecânico, Santo Antônio Energia, Ecoporto e Silimed. Atualmente é uma das professores do Curso de Gestão de Estoques ministrado semestralmente pelo ILOS. Atuou no desenvolvimento e gerenciamento dos Cursos Online de Logística e Supply Chain, Processos de Suprimentos, Planejamento da Demanda, Gestão de Estoques e Gestão Industrial. Ainda na área de capacitação, foi responsável por aplicar os jogos empresariais do ILOS em empresas como Raia Drogasil, Fibria, NEC, Novartis e Moove.

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