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Integração entre Finanças e Supply Chain: Um Caso sobre o Financiamento de Ativos Logísticos

A gestão da cadeia de suprimentos (supply chain) possui um papel crucial nos resultados de um negócio, impactando diretamente os três principais demonstrativos financeiros da empresa. Essa relação é fundamental para a geração de valor para o acionista, influenciando aspectos como receitas, custos, capital empregado e risco do negócio, além de contribuir para a capacidade de crescimento sustentável da organização. Diante disso, é imprescindível que finanças e supply chain atuem de maneira integrada, com decisões coordenadas e alinhadas, garantindo, assim, eficiência e eficácia nas operações e na estratégia empresarial. Neste pequeno artigo, discutiremos um dos aspectos dessa interação, apresentando um estudo de caso sobre o financiamento de ativos logísticos.

Instrumentos para Financiamento de Ativos Logísticos: Um Estudo de Caso

Recentemente, enfrentamos um desafio no planejamento da capacidade de armazenagem de uma empresa no setor de bens de consumo. O cliente precisava decidir entre diferentes modelos operacionais de armazém, cada um com distintos níveis de terceirização e alavancagem operacional. A opção que se mostrava mais vantajosa economicamente era aquela com maior alavancagem operacional e automação dos processos; contudo, essa alternativa exigia um investimento de capital (CapEx) significativo e acabou sendo preterida em favor de uma operação mais manual e menos onerosa.

Esse cenário nos levou a refletir sobre as possibilidades de financiar ativos logísticos, utilizando instrumentos financeiros que poderiam converter o CapEx em despesas operacionais (OpEx). A empresa em questão estava crescendo rapidamente e operava no limite de sua capacidade de armazenagem, utilizando armazéns de terceiros para atender à demanda. As projeções indicavam que a continuidade dessa abordagem seria insustentável, acarretando custos operacionais elevados no futuro.

As análises realizadas revelaram um conjunto de alternativas para a empresa, conforme demonstrado na Figura 1. A primeira alternativa consistia na manutenção do status quo; a segunda considerava a ampliação da capacidade dos armazéns próprios por meio de melhorias no layout e a contratação de novos armazéns de terceiros em localizações mais próximas; a terceira alternativa previa a expansão do armazém existente com um modelo operacional manual; e a quarta alternativa contemplava a expansão do armazém já existente em um modelo automatizado. A avaliação dessas opções demonstrou o conceito de alavancagem operacional, no qual investimentos de capital (CapEx) podem reduzir despesas operacionais (OpEx), porém a um maior risco, pois troca-se custo variável por custo fixo. Quanto maior o investimento, neste caso, maior o saving em relação ao status quo.

Figura 1: modelos de alternativos de armazenagem para o caso apresentado

Embora a quarta alternativa, que apresentava a maior alavancagem operacional, se posicionasse como a mais vantajosa em termos de valor presente líquido (VPL), sua implementação enfrentava obstáculos devido à necessidade de aprovação dos investimentos. No entanto, existe a possibilidade de converter praticamente todo o CapEx em OpEx por meio de instrumentos financeiros disponíveis no mercado. Exemplos incluem o sale-and-lease-back (SLB), contratos de aluguel de longo prazo para imóveis built-to-suit (BTS) e securitização. No modelo SLB, a empresa vende o equipamento para um investidor e, em troca, paga aluguel. No caso do BTS, o investidor constrói o equipamento segundo as especificações da empresa, e o pagamento pode ser feito de maneira contínua ao longo do tempo. A securitização, por sua vez, permite que os ativos da empresa sejam convertidos em títulos negociáveis, facilitando o financiamento das operações.

Outra estratégia a ser considerada é a cotização dos ativos imobiliários, através da constituição de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) logísticos para ativos de valor significativo (acima de R$ 20 ou 30 milhões) ou por meio de outras formas de cotização, como crowdfunding, regida pela Instrução 588 da CVM, para ativos de menor valor. Os FIIs logísticos têm atraído a atenção de investidores pessoas físicas, especialmente pela baixa vacância e pela predominância da malha rodoviária nacional, que oferece uma maior previsibilidade de receita.

Este estudo de caso ilustra como a colaboração entre finanças e supply chain é essencial, exemplificando a importância da sinergia e da troca de informações entre essas áreas para a tomada de decisões estratégicas, controle de custos, gestão do fluxo de caixa e análise de desempenho geral.

Referências

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